Análise ao açúcar pode revelar diferentes tipos de cancro

12 de Janeiro 2024

No futuro, um pouco de saliva poderá ser suficiente para detetar um cancro incipiente. Investigadores da Universidade de Gotemburgo desenvolveram uma forma eficaz de interpretar as alterações nas células cancerígenas que ocorrem nas moléculas de açúcar.

Os glicanos são um tipo de estruturas de moléculas de açúcar que estão ligadas às proteínas das nossas células. A estrutura do glicano determina a função da proteína. Há já algum tempo que se sabe que as alterações na estrutura dos glicanos podem indicar inflamação ou doença no organismo. Agora, os investigadores da Universidade de Gotemburgo desenvolveram uma forma de distinguir os diferentes tipos de alterações estruturais, o que pode dar uma resposta precisa sobre o que muda numa doença específica.

“Analisámos dados de cerca de 220 doentes com 11 tipos de cancro diagnosticados de forma diferente e identificámos diferenças na subestrutura do glicano, dependendo do tipo de cancro. Ao deixarmos o nosso método recentemente desenvolvido, melhorado por IA, trabalhar através de grandes quantidades de dados, conseguimos encontrar estas ligações”, afirma Daniel Bojar, professor associado sénior de bioinformática na Universidade de Gotemburgo e principal autor do estudo publicado na revista Cell Reports Methods.

Método aperfeiçoado por IA encontrou os padrões

Há também outros grupos de investigação que estudam as subestruturas dos glicanos em busca dos chamados biomarcadores que descrevem o que está errado. Isto envolve frequentemente testes estatísticos que utilizam espetroscopia de massa para descobrir se o nível de açúcares individuais é significativamente maior ou menor no cancro. Estes testes têm uma sensibilidade demasiado baixa e não são fiáveis porque os diferentes açúcares estão estruturalmente relacionados e, por isso, não são independentes uns dos outros.

A equipa de investigação de Daniel Bojar utiliza um novo método que inclui IA, que tem em conta estes problemas e consegue encontrar padrões nos conjuntos de dados onde outros falham.

“Podemos confiar nos nossos resultados; eles são estatisticamente significativos. Se soubermos o que estamos a procurar, é mais fácil encontrar o resultado correto. Agora vamos pegar nestes biomarcadores e desenvolver métodos de teste”, afirma Daniel Bojar.

Novo espetrómetro de massa

Durante o outono, o seu grupo de investigação recebeu 4 milhões de coroas suecas da Fundação Lundberg para adquirir um espetrómetro de massa de última geração. Este instrumento servirá de plataforma de IA para apoiar os investigadores no estudo dos glicanos, por exemplo, em amostras de cancro do pulmão. O objetivo é detetar o cancro mais cedo para melhorar as hipóteses de recuperação.

“Queremos desenvolver um método analítico fiável e rápido para detetar o cancro, e também o tipo de cancro, através de uma amostra de sangue ou saliva. Penso que dentro de 4 a 5 anos poderemos efetuar testes clínicos em amostras humanas”, afirma Daniel Bojar.

Aceda a mais conteúdos da Revista HealthNews #16 aqui.

Crédito da imagem: Johan Wingborg

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