Luis Vasconcelos Dias - Pharma & Healthcare Consultant

IA,IH e IR – 3 Variáveis Diferenciadoras !…

01/24/2024

 

LVD

IdeaWatch

­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­Às vezes não sei onde tenho a cabeça…!

 

Interrogo-me sobre qual  deverá ser nos tempos que correm, o principal desafio de quem é responsável pela gestão de negócios. Quem assumiu  responder pela gestão eficiente de Resultados !
E como não devo ignorar os sinais dos tempos, direi  que o  desafio está na capacidade de antecipar o que a  IA  (Inteligência Artificial)  pode impactar na forma como os humanos pensam e atuam  e colocar o foco num modelo/processo de integração  assertivo, inteligente e  estratégico, das novas tecnologias na vida das empresas.

Caminhamos  – ainda que a velocidades diferentes  em cada país  – para um ambiente de trabalho  gradualmente  compôsto  por humanos e não-humanos  (machine co-workers), algo que alguns já classificam como a “New Diversity”. Mas será que as técnicas de liderança e motivação que conhecemos serão suficientes para superar a desconfiança  e  negativismo que vai pairar?… Penso  que não. E o racional sobre a Gestão de Talentos continuará a ser o mesmo?  Não pode. E o que dizer de critérios para avaliação de desempenho ? … Tudo matérias  (entre outras) que deviam estar a ser debatidas pelos  profissionais e académicos que alimentam todo o tipo de eventos que diariamente são retratados nas redes sociais. Mas não… Estranhamente  esse não é o foco.  E este sim, é o sinal dos tempos!

Sempre posicionei as Pessoas no centro dos Processos, razão pela qual me sinto confortável com a ideia de que a  IA  será bem vinda se fôr para potenciar a Inteligência Humana (IH) e não para a substituir.  Não é pois o tempo para ficar à espera de ver o que vai acontecer, mas sim para decidir como queremos que as coisas aconteçam.

Também nas áreas de Healthcare e Pharma, a  IA  não pára de aportar novidades,  se bem que muitas parecem  necessitar de aperfeiçoamento  (mais tempo) até serem aceites  como “commodities”.  Seja porque os custos de produção são  incomportáveis, seja porque não foram corretamente testadas pelos seus principais utilizadores ou promotores e a implementação falha. Direi que velocidade do marketing das tecnológicas parece  justificar o débil  “evidence-based approach” que promovem.

Em muitos casos, as transformações anunciadas como  “promissoras inovações”, mais não são que  exercícios de persuasão suportados por uma narrativa pensada para criar uma sensação de urgência à volta do tema da mudança e assim alterar atitudes na expetativa de condicionar comportamentos. O conceito em si mesmo não está mal estruturado, mas fico com a sensação que é uma versão demasiado básica (ingénua ?!) para o séc XXI, não vos parece?

Mesmo quando se afirma que a área dos cuidados de saúde primários adotará progressivamente muitas das ferramentas digitais de diagnóstico com incorporação de indicadores que refletem estilos de vida – atividade física, alimentação, gestão do stress, qualidade do sono, entre outros – há que ter presente que tudo vai depender da forma como os técnicos de saúde  incorporarem  na sua clínica, todos estes avanços. Porque uma coisa é a iniciativa de cada um em adquirir a app que lhe dá acesso a toda esta informação e no limite decidir o que fazer depois com esses dados. Outra coisa – e há que pensar  no Sistema de Saúde português – é ser o médico a indicar ou prescrever a mesma app. Porque tem vantagens e aporta benefícios para o doente … sim, mas quem assume o custo?   O SNS, o seguro ou uma vez mais o utente?  Assim como assim é mais um gadget, é isso ?!

Também não deixa de ser desafiante comentar o que muitos advogam vir a ser o perfil ideal dos médicos de família: algo como “conselheiros de saúde” (health coaches).      Na prática auxiliam os utentes a interpretar os dados  registados,  encaminhando para outros níveis de cuidados sempre e quando o protocolo assim o designar. Pergunto-me se será esta a visão de futuro que está a ser passada aos jovens que iniciam agora o seu curso de medicina !?   E mais… quando hoje ainda temos  acesso  condicionado ao nosso próprio registo de dados de saúde (estado e privado) e quando sabemos  das barreiras levantadas aos médicos de MGF  para aceder à ficha clínica dos seus próprios utentes nos cuidados hospitalares, o que devemos pensar !? Será que as pessoas fazem  ideia do racional que ainda suporta estes tabus !?…

Mesmo sabendo  que  68% dos executivos convergem na ideia de que os benefícios da  IA superam os riscos (1), penso que ainda  existe  algum excesso de futurismo no marketing das tecnológicas que se dedicam às áreas de saúde e bem-estar. Por isso é bom saber que  Segurança e Ética são  preocupações da OMS  quanto à utilização da IA nos cuidados de saúde (2).  Mas sabemos que também existe a perceção que há défice de Inteligência Regulatória (IR) (3).   E  daí  o  vir-me  à memória uma música conhecida  que diz  “ …p´ra  melhor está bem está bem,  p´ra pior já basta assim !...”

(1) Gartner 2024 HR Priorities Survey  (Top 5 Priorities for HR Leaders in 2024)
(2) WHO Calls for Safe and Ethical  AI for Health  (16/05/2023)
(3) Pedro Duarte, Jornal de Negócios  (09/11/2023

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