“Estas tendências, juntamente com o declínio da prevalência de pessoas com baixo peso desde 1990, fazem da obesidade a forma mais comum de subnutrição na maioria dos países”, informou em comunicado a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).
Da parte portuguesa, a investigação, realizada em colaboração com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e publicada na revista ‘The Lancet’, contou com contributos de Cristina Padez, Daniela Rodrigues e Aristides Machado-Rodrigues, do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS) da FCTUC, entre outros cientistas nacionais.
“A análise dos dados globais estima que, entre as crianças e adolescentes do mundo, a taxa de obesidade em 2022 era quatro vezes superior à taxa de 1990”, revelaram estes coautores do estudo, citado na nota.
Em Portugal, em 2022, “a prevalência de obesidade em crianças e adolescentes era de 6% nas meninas e 9% nos rapazes”, enquanto entre os adultos “a taxa de obesidade mais do que duplicou nas mulheres e quase triplicou nos homens”.
“No total, 159 milhões de crianças e adolescentes e 879 milhões de adultos viviam com obesidade”, acrescentaram, indicando que em Portugal “a prevalência de obesidade nas mulheres era de 23% e nos homens de 22%”, nesse ano.
Entre 1990 e 2022, a proporção de crianças e adolescentes do mundo afetados pelo baixo peso “diminuiu cerca de um quinto nas raparigas e mais de um terço nos rapazes”.
“Em Portugal, o valor de baixo peso [magreza] foi de 1% nas meninas e 3% nos rapazes, em 2022. A proporção de adultos em todo o mundo (…) afetados pelo baixo peso baixou para mais de metade durante o mesmo período. Em Portugal, nesse mesmo ano, os valores foram de 2% nas mulheres e nos homens”, anunciou a FCTUC.
Para o professor universitário Majid Ezzati, do Imperial College de Londres, no Reino Unido, “é muito preocupante que a epidemia de obesidade, que era evidente entre adultos em grande parte do mundo em 1990, se reflita agora em crianças e adolescentes em idade escolar”.
Entretanto, “centenas de milhões de pessoas ainda são afetadas pela subnutrição, especialmente em algumas das partes mais pobres do mundo”.
“Para combater com sucesso ambas as formas de desnutrição, é vital melhorar significativamente a disponibilidade e o preço acessível de alimentos saudáveis e nutritivos”, defende Majid Ezzati, autor sénior do artigo científico.
Mais de 1.500 investigadores de vários países participaram no estudo, que “analisou o índice de massa corporal para compreender como a obesidade e o baixo peso mudaram” em todo o mundo em pouco mais de três décadas, entre 1990 e 2022.
Os investigadores analisaram medidas de peso e altura de 220 milhões de pessoas com cinco anos ou mais, entre crianças, jovens e adultos, em mais de 190 países.
O novo estudo foi conduzido pela NCD Risk Factor Collaboration (NCD-RisC), uma rede mundial de cientistas da área da saúde, e nele participaram também Anabela Mota-Pinto, Luísa Mavieira e Lélita Santos, da Faculdade de Medicina da UC e do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra.
LUSA/HN
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