Os médicos residentes receberam ordem para regressarem ao trabalho no domingo passado, depois de 13 dias de greve, uma paralisação marcada por tempo indeterminado para protestar contra a reforma do setor promovida pelo Governo da Coreia do Sul, que inclui o aumento do número anual de licenciados em medicina de 3.000 para 5.000.
A Associação Médica Coreana (AMC) denunciou que estas medidas implicam uma carga insustentável para as universidades e não resolvem a falta de incentivos para escolher as especialidades mais mal pagas, como a pediatria, ou para preencher vagas em locais remotos.
O vice-ministro da Saúde, Park Min Soo, explicou que as notificações de suspensão começaram hoje a ser entregues, sendo que o Ministério da Saúde investigou 50 hospitais universitários para elaborar uma lista detalhada dos médicos residentes que não cumpriram a ordem de regresso ao trabalho e que irão sofrer retaliações.
Segundo o governante, esta medida atrasará em mais de um ano o curso de especialização e quaisquer formações posteriores na carreira, já que os processos dos médicos ficarão com a medida disciplinar e o motivo registados, o que os afetará na procura de trabalho.
Além disso, o chefe da unidade de investigação da polícia, Woo Jong Soo, anunciou que será feita uma “investigação rigorosa” aos médicos que sejam alvo de denúncias, embora tenha indicado que, para já, não foi feita nenhuma.
A polícia convocou ainda cinco atuais e antigos responsáveis da Associação Médica para testemunhar em relação à greve, emitindo mesmo ordens para não deixar quatro funcionários da organização sair do país, tendo, entretanto, realizado buscas à sede do organismo.
Quase 70% (8.945) dos 13 mil médicos residentes do país entregaram, até quinta-feira da semana passada, cartas de demissão numa centena de hospitais universitários, segundo dados oficiais do Ministério da Saúde, e apenas 565 voltaram ao trabalho no cumprimento da ordem das autoridades.
No domingo, cerca de 30 mil médicos – 15 mil segundo a polícia local – saíram às ruas de Seul numa demonstração de força da AMC.
A própria associação garantiu na segunda-feira que não irá “sucumbir ao Governo tirânico” e anunciou que contactou a Federação Internacional de Associações de Estudantes de Medicina – que conta com 1,3 milhões de membros de 130 países – para debater o atual diferendo.
No domingo, a Associação Médica Mundial emitiu uma declaração de apoio ao direito à greve dos médicos sul-coreanos e apelou a “condições de trabalho razoáveis” e a um “plano estratégico para o desenvolvimento da educação médica”.
LUSA/HN
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