Em comunicado, a FMUP revela que o produto, um biomaterial produzido em laboratório que serve de substituto ósseo, tem uma patente internacional e despertou o interesse de empresas do Brasil que poderão vir a comercializá-lo.
“Conseguimos obter um produto que liberta o antibiótico por um período de 19 dias, de forma a tratar a infeção, ao mesmo tempo que promove a osteointegração, com segurança do ponto de vista da toxicidade celular. A maior parte das osteomielites poderá ser tratada desta forma”, descreve Nuno Alegrete, investigador da FMUP, citado em comunicado.
Na prática, estamos a falar de um biomaterial composto por hidroxiapatite (um mineral baseado em fosfato de cálcio e o principal constituinte do osso), à qual se acrescentou colagénio (proteína que estimula a formação de osso), heparina (um anticoagulante) e antibiótico (no caso, a vancomicina).
Depois de colocado na cavidade óssea infetada, o antibiótico é libertado durante o tempo necessário para eliminar a infeção óssea (osteomielite) e o biomaterial é progressivamente incorporado, levando ao preenchimento da cavidade por novo osso.
O objetivo desta investigação era, refere a FMUP, “preencher uma lacuna na investigação e desenvolver um substituto ósseo mais eficaz, mais seguro e muito mais barato”.
Segundo Nuno Alegrete, este novo biomaterial permitirá melhorar o tratamento das infeções ósseas, um problema de saúde que diagnostica com frequência na sua prática clínica enquanto médico ortopedista.
“As infeções ósseas são um desafio em Ortopedia, porque são extremamente difíceis de tratar, apresentam um risco elevado de recaída e de disseminação à distância, e obrigam a tratamentos prolongados com antibióticos sistémicos, que se associam a efeitos adversos, por vezes graves”, refere o investigador.
A osteomielite “resulta do atingimento do osso por um micróbio, habitualmente uma bactéria, que pode transmitir-se pela corrente sanguínea, sobretudo em crianças, através de uma ferida, de uma fratura exposta ou cirurgia, ou a partir de uma infeção numa zona próxima”, acrescenta, alertando para os riscos das cirurgias.
“Por mais esterilização que exista, há uma corrida entre as bactérias e as defesas dos doentes”, diz.
Segundo Nuno Alegrete, este novo substituto ósseo reúne “as características adequadas para poder ser implantado no local da infeção, libertar o antibiótico e matar as bactérias remanescentes, ao mesmo tempo que permite o preenchimento da cavidade como osso novo, sem necessidade de mais uma cirurgia”.
Esta investigação foi realizada no âmbito do doutoramento de Nuno Alegrete na FMUP, com orientação de Manuel Gutierres, professor da FMUP, em colaboração com o grupo Biocomposites, do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto.
O projeto foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
LUSA/HN
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