Miguel Pavão espera que próximo diretor-executivo tenha “o mesmo compromisso, diligência e capacidade de concretização”

24 de Abril 2024

O HealthNews conversou hoje com o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Miguel Pavão, sobre a demissão da DE-SNS, a Coordenação Nacional da Saúde Oral e os desafios da saúde oral em Portugal.

Miguel Pavão espera que a saída de Fernando Araújo “não traga alterações para a dinâmica” da “ainda jovem” Direção Executiva, que iniciou atividade a 1 de janeiro de 2023, “e que, nesse sentido, a pessoa que o venha a substituir tenha o mesmo compromisso, a mesma diligência e a mesma capacidade de concretização que o Professor Fernando Araújo tinha, porque o Professor Fernando Araújo é, sem dúvida, e é unanimemente reconhecido por vários quadrantes políticos e entidades, um fazedor”.

O bastonário realçou a “capacidade de realização e de concretização” do médico e ex-presidente do Conselho de Administração do Hospital de São João. “Contudo, o posicionamento político hoje em dia é diferente e compreendo esta tomada de decisão”, acrescentou.

De forma a concretizar as recomendações do relatório do Grupo de Trabalho Saúde Oral 2.0, a Direção Executiva determinou, em fevereiro passado, a criação da Coordenação Nacional da Saúde Oral no Serviço Nacional de Saúde (CNSO-SNS), a funcionar junto da DE-SNS e sob a sua orientação. Neste momento, o bastonário dos dentistas calcula que a Coordenação Nacional esteja em ativo, “e não me parece que deva abrandar aquilo que é o seu compromisso e aquilo que está definido, a não ser que venha uma nova direção e diga para pararem aquilo que estão a fazer”, acrescentou.

Para o bastonário, “independentemente das pessoas que estão à frente das organizações”, “acima de tudo são compromissos com os portugueses”. “Acho que a Coordenação Nacional da Saúde Oral tem um caderno de encargos para cumprir esse desafio para os portugueses e de serviço público. Não sei quais são as indicações internas, mas, se eu estivesse no lugar da Coordenação Nacional, eu continuaria a fazer o meu trabalho até receber ordem em contrário”.

A saúde oral tem sido o “parente pobre” do SNS. “Ficou sempre numa dependência do setor privado”. “Há falta de investimento do ponto de vista político”: 20 milhões em 15 mil milhões de euros, no Orçamento do Estado, “é uma gota de água no oceano”. O Perfil de Saúde do País de 2023 – relembra o bastonário – denuncia que somos dos países europeus em que mais pessoas reportam necessidades não satisfeitas na saúde oral. “Isso não nos deixa bem na figura”, constatou Miguel Pavão.

Seis milhões de pessoas têm falta de dentes em Portugal, apurou a Ordem dos Médicos Dentistas. Seis milhões em apenas 10 milhões de habitantes. E Portugal é o segundo país da Europa com maior taxa de incidência de cancro oral.

Portanto, Miguel Pavão entende que o relatório monitorizado pela Coordenação Nacional da Saúde Oral é deveras importante.

HN/Rita Antunes

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