Fernando Araújo: “Não estive em nenhuma das reuniões do grupo de emergência”

22 de Maio 2024

O antigo diretor executivo, ouvido hoje na comissão parlamentar de Saúde, disse que a DE-SNS não teve conhecimento do plano estratégico do novo ministério. “Não é num tom de crítica, é apenas factual”, ressalvou. Para Fernando Araújo, não fazia sentido implementar medidas perante a vontade de “fazer algo diferente”.

Foi isso que foi transmitido à ministra Ana Paula Martins, segundo as declarações do médico esta manhã no parlamento. Da parte da ministra, contou Fernando Araújo, não houve, nas reuniões que tiveram, partilha da estratégia para o SNS: “a senhora ministra não teve ocasião de me transmitir a estratégia que teria para o SNS”, afirmou o médico. Contudo, os verões e os invernos estavam a ser preparados pela Direção Executiva desde início de funções, “porque na saúde as questões não são por decreto nem são questões simples, são questões que demoram por vezes tempo a acomodar soluções, a melhorar as soluções, a tentar trazer novas culturas de organização, e isso foi feito”, defendeu o antigo diretor executivo do SNS. “E, portanto, quando entrou o novo Governo e com a senhora ministra, nós tínhamos um plano preparado para os próximos meses que incluía um conjunto de medidas, preparadas para enfrentar este verão e o próximo inverno de uma forma articulada e de uma forma bem organizada”, garantiu Fernando Araújo.

Foi opção da DE-SNS afastar-se; não colocar as medidas no terreno: “havia aqui um conjunto enorme de questões que nós tínhamos preparado (…) mas que tinham sido amplamente criticadas”, e “havia a vontade de mudar o processo para um processo diferente”. Sendo assim, entendeu o diretor executivo que não fazia sentido aplicarem “uma fórmula”, aquela que achavam que era adequada para o SNS, “quando havia uma vontade de fazer algo diferente”. “E, portanto, explicámos à senhora ministra exatamente isso, que era mais adequado (…) que o plano fosse preparado pela equipa que estava a preparar o tal plano de emergência, de acordo com a estratégia e com a visão que a nova equipa tivesse, que nós não conhecíamos”, esclareceu o próprio.

Fernando Araújo explicou ainda que “a gestão diária dos planos tem que ser muito bem acompanhada. Não era possível ter um plano que fosse feito por alguém que depois não estivesse no terreno para acompanhá-lo nesse sentido”.

Em resposta ao grupo parlamentar do PS, que solicitou a audiência desta manhã, Fernando Araújo informou que a Escola Nacional de Saúde Pública tem estado a acompanhar a reforma do SNS. São planos que “têm de ser acompanhados ao longo de vários anos. De qualquer maneira, o primeiro cut off que se tinha colocado como indispensável, e isso foi muito discutido também com a Escola Nacional de Saúde Pública, era o cut off aos 18 meses. (…) E, portanto, era possível, no final dos 18 meses, perceber a evolução e (…), eventualmente, fazer correções à sua dinâmica. Daí que o acordo que tinha sido feito com a Escola Nacional de Saúde Pública era que eles iriam acompanhar-nos até outubro do próximo ano, de modo a poder fazer essa avaliação intercalar em junho e, com isso, dar-nos pistas claras”.

Esta quarta-feira, na comissão parlamentar, Fernando Araújo confirmou que entregou terça-feira, dia 21 de abril, o relatório exigido por Ana Paula Martins. A tarefa foi realizada em metade do tempo definido pela ministra para que a tutela possa executar as medidas que considere necessárias com a celeridade exigida. São mais de 600 páginas, numa “tentativa séria de elencar de forma transparente as mais de 200 iniciativas” em que trabalhou a DE-SNS, “os problemas e as soluções estudadas”.

HN/RA

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