O Índice de Saúde Sustentável, desenvolvido pela Nova Information Management School (Nova IMS), recolheu este ano pela primeira vez a opinião dos portugueses sobre os ensaios clínicos, nos quais 28% dizem que participariam sem hesitar e metade respondeu que “talvez” participasse.
“Isso também resulta do facto de só 36% das pessoas é que dizem que têm um bom conhecimento sobre o que são os ensaios clínicos. Naturalmente, essa falta de conhecimento também induz a alguma incerteza”, explicou à Lusa Pedro Simões Coelho, coordenador do estudo.
O especialista ressalva que Portugal “não é um país que tenha tido historicamente um grande desempenho em termos de ensaios clínicos” e, por isso, “há um certo défice de conhecimento”.
“O que nós vemos é uma predisposição positiva da população, porque, de facto, quase 80% [50,5% responderam talvez], em princípio, estaria disponível para participar e os 28% que dizem que sim, sem hesitação, estarão muito próximos dos que dizem também ter um bom conhecimento sobre ensaios clínicos”, explicou o responsável.
Os dados recolhidos indicam que o estado de saúde é o fator que mais influenciaria esta decisão.
Os inquiridos disseram ainda que a internet (60,3%) seria a primeira fonte de informação a que recorreriam para saber mais sobre ensaios clínicos.
A decisão de participar ou não está principalmente relacionada com o estado de saúde (68,6%), com os riscos associados ao ensaio (56,5%) ou com uma eventual recomendação do médico assistente (47,1%).
Os riscos e benefícios e os potenciais efeitos secundários são considerados pelos inquiridos como as informações mais relevantes a que gostariam de ter acesso antes de decidir participar num ensaio clínico.
Quase um em cada quatro (23%) consideram que os riscos são maiores do que os benefícios e um em cada três (33%) dizem que são idênticos.
Sobre as medidas para aumentar a confiança nos ensaios clínicos, apontam a divulgação de resultados de ensaios anteriores, as garantias de segurança e ética, o apoio pós-ensaio, a formação aos profissionais de saúde e a sensibilização pública.
“De facto, há uma perceção muito positiva da sociedade sobre a importância dos ensaios clínicos, sobre os seus benefícios e é um tema que deve interessar muito o país. (…) Há aqui uma grande oportunidade para um país da dimensão do nosso que importaria aproveitar”, considerou o coordenador do estudo.
A maioria dos portugueses revela confiança nas informações disponibilizadas pelos investigadores que conduzem os ensaios aclínicos e no processo de regulação que os supervisiona.
De acordo com um inquérito realizado pela APIFARMA – Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica às empresas suas associadas, os ensaios clínicos trouxeram para Portugal um investimento direto de 231,6 milhões de euros entre 2019 e 2022.
Os dados deste inquérito indicam ainda que se estima que nos últimos quatro anos as empresas tenham deixado de realizar 210 ensaios clínicos em Portugal, o que representa uma perda direta para o país estimada em 33 milhões de euros.
O índice de Saúde Sustentável, que quantifica a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde, é desenvolvido pela NOVA IMS, em parceria com a biofarmacêutica AbbVie e os últimos resultados deste trabalho serão apresentados hoje, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
LUSA/HN
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