Em comunicado, os MSF disseram tratar-se do Hospital Sul, um dos dois únicos centros médicos em Al-Fasher com capacidade cirúrgica, principal referência para tratamento de feridos de guerra naquela cidade, capital do estado de Darfur do Norte, e o único equipado para cuidar de um grande número de vítimas.
“Os MSF e o Ministério da Saúde [sudanês] suspenderam todas os serviços no Hospital Sul (…) depois de os soldados das FRS terem invadido as instalações, aberto fogo e terem saqueado o local, incluindo o roubo de uma ambulância”, refere-se na nota.
Os MSF referiram que a maior parte dos pacientes e da equipa médica que se encontravam no hospital “conseguiram fugir dos disparos das FRS”, embora não tenham ainda conseguido verificar se houve mortos ou feridos no ataque.
O chefe do departamento de emergência dos MSF, Michel Lacharité, citado no comunicado, declarou que esse ataque “não é um incidente isolado”.
“Tanto a equipa de saúde quanto os pacientes suportaram ataques nas instalações durante semanas de todos os lados, mas abrir fogo dentro de um hospital ultrapassa os limites”, disse Lacharité.
O responsável dos MSF apelou a que “as partes em conflito parem os ataques aos serviços médicos”, alertando que “os hospitais estão a encerrar” e que “as instalações restantes não podem cuidar de um grande número de vítimas”.
Segundo os MSF, somente entre 10 de maio e 06 de junho, mais de 1.300 vítimas procuraram tratamento no Hospital Sul.
“Agora os feridos estão a ser transferidos para outras instalações, como hospitais pediátricos e sauditas, que não estavam preparados para tal fluxo” de pacientes, acrescentou.
Al-Fasher é o último bastião do exército na imensa região de Darfur, formada por cinco estados e uma das regiões mais afetadas pelo cerco e confrontos entre o exército sudanês e os FRS.
A guerra no Sudão, que eclodiu em 15 de abril de 2023, transformou o país africano no cenário da pior crise sanitária e de deslocados internos e no estrangeiro do mundo, com quase 10 milhões de pessoas, segundo a ONU.
Em mais de um ano de guerra, o número de mortos ronda os 30 mil, segundo o Sindicato dos Médicos Sudaneses, alertando ainda que o número real de vítimas pode ser muito superior.
LUSA/HN
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