Mais de 50 enfermeiras no Garcia de Orta sem avaliação de desempenho por terem estado grávidas, denuncia sindicato

16 de Julho 2024

Mais de 50 enfermeiras da Unidade Local de Saúde de Almada-Seixal, antigo Hospital Garcia de Orta, EPE, arriscam ficar sem avaliação de desempenho por terem estado grávidas e gozado a respetiva licença de maternidade. A denúncia é feita pelo Sindicato dos Enfermeiros – SE.

“É uma discriminação atroz”, sustenta o presidente do SE, Pedro Costa, que lamenta que “se prejudiquem as enfermeiras portuguesas por gozarem de direitos basilares na Constituição da República e na vida de qualquer ser humano: o direito a ser mãe”.

De acordo com as informações transmitidas ao Sindicato dos Enfermeiros – SE, “as enfermeiras, que serão já mais de meia centena, estão a ser notificadas da decisão da administração da Unidade Local de Saúde”. A justificação para a ausência de avaliação de desempenho deve-se ao facto de, algures no período entre 2014 e 2022 – tempo cuja progressão por esta via foi desbloqueada com a publicação do Decreto-lei n.º 80-B/2022 –, estas mulheres terem ficado grávidas e “terem gozado a devida licença de maternidade”.

“Num país com uma taxa de natalidade tão baixa, em que os enfermeiros, no geral, já são tão prejudicados na sua progressão na carreira, é chocante que se recuse a avaliação de uma mulher apenas porque foi mãe”, frisa Pedro Costa, citado em comunicado de imprensa.

Ao que o Sindicato dos Enfermeiros – SE apurou, o principal problema reside no facto de que “os Recursos Humanos da ULS Almada-Seixal não estão a aplicar a prerrogativa legal que concede às enfermeiras, ao abrigo da Lei da Parentalidade, o arrastamento da nota obtida no biénio anterior por força da aplicação do Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do Desempenho na Administração Pública (SIADAP)”.

De acordo com as informações que o SE conseguiu recolher, “esta unidade hospitalar pretendia obrigar as enfermeiras que gozaram da licença de maternidade a sujeitarem-se à avaliação por ponderação curricular”. A verdade é que, explica Pedro Costa, “a grelha para esta avaliação é muito exigente e obriga a uma dinâmica curricular impossível de obter por enfermeiras que, nesta fase, têm como principal prioridade viver uma maternidade plena”. Algo que, lamenta, “não está a ser permitido pela ULS de Almada-Seixal”.

Em comunicado, o Sindicato dos Enfermeiros – SE informa já ter reportado a situação à Administração Central do Sistema de Saúde, I.P. (ACSS) e exige uma urgente intervenção do Ministério da Saúde. “São direitos basilares, protegidos pela Constituição da República e que, lamentavelmente, estão a ser grosseiramente violados”, frisa.

PR/HN

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