“Estamos a contar que nos dados atualizados do novo inquérito demográfico vejamos esses progressos”, face ao quadro verificado em 2018, afirmou Dulcineia Trigueiros, nutricionista do Programa Nacional de Nutrição e ponto focal das escolas promotoras de Saúde de Cabo Verde.
Segundo os resultados do Terceiro Inquérito Demográfico e de Saúde Reprodutiva (IDSR – III), publicados há quase seis anos, 43% das crianças cabo-verdianas de 6 a 59 meses eram anémicas, apesar de uma redução de 52% relativamente a 2005.
Nas grávidas, essa prevalência passou de 43% em 2005 para 22% em 2018 e nas mulheres em idade fértil – dos 15 aos 49 anos – baixou de 28% para 21% no mesmo período.
A responsável disse à Lusa que, passados quase seis anos do último estudo, as autoridades de saúde cabo-verdianas preveem realizar o Quarto Inquérito Demográfico e de Saúde Reprodutiva (IDSR – IV) para atualizar os dados.
A nutricionista mostrou-se confiante na redução com base em várias medidas que têm sido adotadas nos últimos anos no país, entre elas, desde 2017, a fortificação domiciliária com um micronutriente em pó (Vitaferro) para crianças menores de 5 anos.
Também tem sido dado um suplemento com sulfato ferroso às crianças do Ensino Básico Obrigatório (EBO), dos seis aos 12 anos, e a suplementação com sulfato ferroso e ácido fólico às grávidas e puérperas.
A fortificação da farinha de trigo com ferro e ácido fólico e educação e orientação nutricional para o consumo de alimentos ricos em ferro são outras das medidas que as autoridades sanitárias cabo-verdianas têm implementado, que contam com apoio nacional e internacional.
“Achamos que temos tido resultados positivos, mas precisamos fazer as avaliações através de indicações atualizados para ver se estamos a ter progressos”, considerou, recomendando uma alimentação variada e equilibrada com fonte de ferro a crianças depois dos seis meses.
A anemia pode levar a um desenvolvimento cognitivo inadequado e a um pior desempenho escolar, sendo mais prevalecente em crianças de famílias e meios mais carenciados.
A nutricionista pediu a participação de vários outros setores na luta para redução da prevalência da anemia no país, como o desenvolvimento social, a agricultura, a educação, água e saneamento, dos pais e de toda a sociedade civil.
“Temos de capacitar as pessoas, as famílias e a comunidade em questões de saúde, para aumentar a literacia da população e consolidar as políticas e estratégias já definidas”, apontou.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica de “um problema grave de saúde pública” qualquer prevalência de anemia acima dos 40%.
NR/HN/Lusa
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