Portugueses mais satisfeitos com serviços de saúde, mas acesso continua desigual

16 de Outubro 2024

Estudo da Médis mostra aumento na perceção da qualidade dos serviços de saúde e na literacia em saúde dos portugueses, mas revela desafios no acesso e no esforço individual pró-saúde

Um novo estudo intitulado “A Saúde dos Portugueses: Um BI em Nome Próprio”, divulgado hoje pela Médis, marca do Grupo Ageas Portugal, revela uma melhoria generalizada na perceção da qualidade dos serviços de saúde e um aumento da literacia em saúde entre os portugueses. Esta segunda edição do estudo, cuja primeira versão foi realizada em 2021, traça tendências e padrões de saúde em Portugal, mostrando variações positivas, ainda que ligeiras, na maioria dos indicadores analisados.

De acordo com o estudo, a avaliação da qualidade dos serviços de saúde melhorou significativamente. Numa escala de 1 a 10, a pontuação média subiu de 7,0 em 2021 para 7,3 na edição atual. Esta melhoria é principalmente impulsionada pelo setor público, onde a crescente digitalização tem contribuído para o aumento da satisfação. De facto, 53% dos inquiridos que utilizam serviços de saúde, sejam públicos ou privados, consideram a qualidade dos serviços elevada ou muito elevada.

No entanto, o estudo também destaca desafios persistentes, particularmente no que diz respeito ao acesso aos cuidados de saúde. Cerca de 26% dos portugueses reportam dificuldades em aceder aos serviços de saúde em tempo útil. As desigualdades regionais são evidentes, com o Grande Porto a destacar-se como a região com melhor acesso (7,2 numa escala de 1 a 10) e maior confiança na capacidade de resposta do Sistema Nacional de Saúde (SNS). Por outro lado, o Algarve regista a maior dificuldade de acesso (6,0 na mesma escala), com uma queda de 25% na perceção do acompanhamento em saúde face a 2021.

O estudo também revela uma correlação significativa entre a saúde financeira e a saúde geral dos indivíduos. Cerca de 33% dos portugueses afirmam ter sentido um impacto negativo na sua saúde no último ano, provocado por problemas financeiros. Entre os inquiridos que declaram rendimentos abaixo das necessidades do agregado familiar, 46% enfrentaram problemas de saúde mental nos últimos dois anos, evidenciando o impacto das dificuldades financeiras no bem-estar psicológico.

Um dos aspectos mais positivos revelados pelo estudo é o aumento da literacia em saúde. Este indicador registou uma evolução significativa, com a pontuação média a aumentar de 6,3 para 6,8 (numa escala de 1 a 10) desde 2021. A crescente utilização da internet como fonte de informação sobre saúde é apontada como um dos fatores que explicam esta melhoria.

Contudo, o estudo também identifica áreas que necessitam de melhoria. O indicador “Potência Saúde”, que avalia o esforço individual e pró-ativo na promoção da saúde e bem-estar, revela um grande potencial de crescimento. Embora 48% dos inquiridos ambicionem melhorar a sua condição de saúde, apenas 20% da população demonstra uma “Potência Saúde” elevada (igual ou superior a 7 numa escala de 1 a 10).

Maria do Carmo Silveira, Responsável de Orquestração Estratégica do Ecossistema de Saúde do Grupo Ageas Portugal, comentou os resultados, destacando que o estudo contraria uma narrativa talvez demasiado pessimista sobre o sistema de saúde português. No entanto, ela também enfatiza que, apesar das boas notícias, existem ainda muitos desafios e oportunidades que requerem um trabalho coordenado para garantir a sustentabilidade do sistema.

O estudo “A Saúde dos Portugueses: Um BI em Nome Próprio” faz parte do Projeto Saúdes e baseia-se numa amostra representativa de 1056 pessoas. Analisa a evolução de cinco indicadores-chave em saúde: qualidade, acesso, literacia, perceção e “Potência Saúde”. Desenvolvido pela Médis em parceria com a Return On Ideas, o projeto já lançou diversos relatórios sobre temas como a “Saúde das Mulheres”, o “Clima e a Saúde” e a “Menopausa”. Além disso, criou o Check Up Tool, um agregador de dados de saúde que permite comparar Portugal com qualquer país do mundo.

Os resultados completos do estudo foram apresentados numa conferência realizada hoje no Auditório LEAP, em Lisboa, que contou com a participação de especialistas e diversos líderes de opinião para debater o tema. Este evento proporcionou uma plataforma para discussão aprofundada sobre as implicações dos resultados e as possíveis estratégias para abordar os desafios identificados no estudo.

Em suma, o estudo “A Saúde dos Portugueses: Um BI em Nome Próprio” oferece uma visão abrangente e atualizada do panorama da saúde em Portugal, destacando melhorias significativas, mas também apontando áreas que requerem atenção e ação contínuas para garantir um sistema de saúde equitativo e eficaz para todos os portugueses.

PR/HN/MMM

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