“Este modelo tem como novidade a definição da onda de calor meteorológica para a onda de calor em saúde, ou seja, ao reduzirmos de cinco para três dias a definição da onda de calor, no que toca ao verão, conseguimos prever ondas de calor com impacto na saúde e os mesmos conseguem ser minimizados através de alertas preventivos específicos para o Médio Tejo”, disse à Lusa Paulo Santos Luís, médico especialista em saúde pública da ULS, na apresentação que hoje decorreu em Tomar (Santarém).
Por outro lado, declarou, este modelo preditivo, desenvolvido pelo Grupo de Trabalho dos Fenómenos Climáticos Extremos da ULS Médio Tejo, confere a capacidade de “antecipadamente emitir os alertas, conseguirmos alertar a população para tomar medidas preventivas, e agir antes que os danos na saúde ocorram”.
Na sessão, foi indicada que esta é uma “ferramenta única, adaptada à realidade regional”, com cruzamento das temperaturas e dados atmosféricos dos municípios do Médio Tejo, estando integrada nos Planos de Contingência para a Resposta Sazonal em Saúde da instituição, visando uma “resposta mais rápida e eficaz” das unidades de saúde da ULS, e “salvaguardar a vida de centenas de pessoas, sobretudo as mais vulneráveis”, como os idosos e as crianças.
O médico de saúde pública, que integra o Grupo de Trabalho dos Fenómenos Climáticos Extremos da ULS Médio Tejo com mais quatro profissionais (dois técnicos de saúde ambiental, um enfermeiro de saúde pública e uma enfermeira médico-cirúrgica), disse à Lusa que esta é uma “resposta” perante a “crescente frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como as recentes ondas de calor” dos últimos verões.
“É uma resposta às alterações climáticas na medida em que estes fenómenos são cada vez mais frequentes e mais intensos. Como não podemos reagir, temos de pré-reagir, sendo na prevenção que está o maior ganho em saúde para as populações perante estes fenómenos”, declarou.
A ULS Médio Tejo, em comunicado, reconheceu a “necessidade de um sistema de alerta precoce e específico” para a sua área de influência, “devido ao impacto que as alterações climáticas têm na saúde da população”, tendo destacado que o mesmo pode ser replicado em outras áreas do país.
O novo modelo preditivo “permite a avaliação do risco, com deteção precoce e gradação de alertas, identificando com antecedência ondas de calor e vagas de frio que podem afetar a saúde da população” do Médio Tejo.
Nesse sentido, serão emitidos “alertas específicos para a sub-região, com base em dados científicos e epidemiológicos, apurados localmente”, a par da disseminação de “informações claras e oportunas para a população, incentivando a adoção de medidas de autocuidado”.
Por outro lado, permite a “gestão do risco, através de planeamento estratégico”, com os profissionais de saúde a “implementarem atempadamente ações de prevenção e resposta de forma mais eficiente para fazer face aos efeitos destes fenómenos” na saúde.
“Este modelo permite uma resposta mais rápida e eficaz dos nossos hospitais e centros de saúde – alertando-os para uma maior pressão no serviço de urgência com patologia crónica descompensada, ou a possibilidade de um pico de infeções respiratórias”, destacou ainda Paulo Luís.
Citado na nota informativa, Casimiro Ramos, presidente do Conselho de Administração da ULS Médio Tejo, destacou um modelo que vai integrar o Plano de Contingência da ULS, “a poucas semanas de entrar no inverno” e as mais valias na prevenção da saúde pública.
“Ao antecipar os riscos e agir de forma proativa, a ULS Médio Tejo está a salvar vidas e a fortalecer todo o Serviço Nacional de Saúde (SNS) a enfrentar as alterações climáticas e o seu inevitável impacto na saúde”, declarou.
LUSA/HN
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