Em declarações à Lusa, a bióloga e cientista, reconhecida pelo seu trabalho na área da malária, defende um investimento adicional de 800 milhões de euros anualmente, citando exemplos de países com dimensões semelhantes, como Áustria e Bélgica.
“Obviamente, não é apenas despejar dinheiro. É pôr este dinheiro ao serviço de uma estrutura que seja clara”, ressalta a investigadora, que recorda os avanços significativos que Portugal alcançou na transição dos anos 90 para os anos 2000, até à crise financeira. A cientista alerta que “muitas vezes parece que estamos satisfeitos com o que temos e isso é o pior, até porque os outros não param de crescer”.
Em relação à proposta de Orçamento do Estado para 2025, a investigadora considera que o aumento proposto de 3% no financiamento não cobre a inflação dos últimos anos, descrevendo-o como “bastante insuficiente” e apelando a uma maior ambição.
De acordo com a proposta do OE2025, a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), principal entidade responsável pelo financiamento da investigação científica em Portugal, terá uma dotação inicial de 607 milhões de euros, o que representa uma redução de 68 milhões de euros em comparação com 2024. Este é o valor mais baixo desde 2018.
A diminuição do orçamento é em parte justificada pela redução dos fundos europeus, que totalizam 114 milhões de euros, menos 29 milhões face ao ano anterior. Além disso, as operações extraorçamentais, que em 2024 ascendiam a 65 milhões de euros, não estão contempladas nas contas da FCT para o próximo ano.
A cientista reafirma a necessidade de fortalecer as instituições que demonstram potencial e resultados, e criar carreiras de investigação científica que ajudem a erradicar a precariedade no setor.
LUSA/HN
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