MSF alerta para a vulnerabilidade das crianças em Gaza durante o inverno

2 de Janeiro 2025

A organização não-governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou hoje a situação de vulnerabilidade que as crianças em Gaza enfrentam durante o inverno, após três bebés terem morrido de hipotermia devido à deterioração das condições de vida da população.

“Depois de quase 15 meses de guerra e da destruição de quase todas as infraestruturas, a maior parte das pessoas em Gaza vive em tendas que mal as isolam do vento, do frio e da chuva”, afirmou a coordenadora de emergências dos MSF no enclave palestiniano, Pascale Coissard, em comunicado.

As famílias na Faixa de Gaza carecem de serviços e bens essenciais e as crianças encontram-se especialmente numa posição vulnerável, segundo a organização.

Na semana passada, três bebés com menos de um mês de idade chegaram sem vida ao Hospital Nasser em Khan Yunis, vítimas de uma descida extrema da temperatura corporal e com um histórico de doenças crónicas.

Os bebés viviam em tendas ao lado de centenas de famílias deslocadas em Al Mawasi, no sul da Faixa de Gaza.

A ONG está a trabalhar no departamento de pediatria do Hospital Nasser, onde cada vez mais crianças chegam com infeções respiratórias.

Segundo o relato de Mohammad Abu Tayyem, pediatra no hospital, todas estas doenças se devem “ao aumento do frio” e também “ao mau estado das tendas e aos escassos recursos para aquecer as crianças”.

A coordenadora de emergências dos MSF em Gaza alertou que os bebés já estão em risco quando ainda estão no útero das mães e, uma vez nascidos, enfrentam “desafios imediatos e extremos”, incluindo o frio.

“Israel continua a bombardear Gaza e a restringir a entrada de bens essenciais” e a “pilhagem de camiões dificulta a chegada da pouca ajuda permitida pelas autoridades israelitas aos necessitados”, denunciou Coissard.

A coordenadora da ONG em Gaza apelou a um cessar-fogo “imediato e duradouro”, classificando tal passo como a “única solução para aliviar o sofrimento da população palestiniana e garantir o acesso aos cuidados médicos e à ajuda humanitária”.

“As nossas atividades no domínio dos cuidados pediátricos, neonatais e obstétricos são apenas uma gota de água no oceano das enormes necessidades médicas em Gaza”, sublinhou ainda.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano Hamas no sul de Israel, em 07 de outubro de 2023, no qual mais de 1.200 pessoas foram mortas e outras 250 foram levadas como reféns.

Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 45 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.

NR/HN/Lusa

 

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