Mário André Macedo Enfermeiro Especialista em Saúde Infantil e Pediátrica

A resiliência da esperança: um apelo à solidariedade com a Ucrânia

01/23/2025

A Ucrânia e seu povo demonstram uma coragem inabalável, lutando não apenas por sua soberania, mas também pela vida e pela saúde dos seus cidadãos, face à criminosa e injustificada invasão russa.
O conflito armado impôs imensos desafios aos profissionais de saúde ucranianos. Hospitais e clínicas transformaram-se em verdadeiros campos de batalha, onde médicos e enfermeiros trabalham incansavelmente para salvar vidas, sob a constante ameaça de bombardeamentos e ataques russos. A escassez de recursos básicos, como medicamentos, equipamentos e até mesmo energia elétrica, agrava ainda mais a situação. Recentemente, os colegas do Centro Regional de Lviv para o Controlo e Prevenção de Doenças fizeram recentemente um pedido de ajuda a todas as Ordens Profissionais da saúde em Portugal, sindicatos e Ministério da Saúde, descrevendo uma realidade de carências e desafios que exigem nossa atenção imediata.
Mesmo diante de tantas adversidades, a dedicação dos profissionais da saúde é inspiradora. Com profissionalismo e compaixão, eles se desdobram para atender aos feridos, civis e militares, vítimas de uma guerra que jamais deveria ter acontecido. Enfrentam a falta de recursos, a necessidade de tomar decisões clínicas urgentes sem os devidos equipamentos para análises e investigação. Assisti recentemente a uma conferência, onde a responsável pela enfermagem na Ucrânia afirmava que durante a contraofensiva de 2022, muitas vezes foram os profissionais de saúde o primeiro sinal do Estado, a primeira demonstração de liberdade, a chegar às aldeias libertadas.
É nosso dever, como comunidade global, demonstrar solidariedade e apoio à Ucrânia e aos seus profissionais de saúde. Devemos pressionar por um fim imediato ao conflito e garantir que a ajuda humanitária chegue aos que mais precisam. No apelo que nos enviaram, os nossos colegas solicitam:
• 50 computadores portáteis com estações de carregamento: devido aos ataques russos e falta de recursos, a análise de dados de saúde é efetuada de forma manual.
• Equipamentos de laboratório que permitam a rápida e correta identificação de agentes microbiológicos: Equipamentos essenciais para a tomada de decisões médicas mais eficazes, especialmente em emergências. A espera de sete dias para resultados de exames bacteriológicos, obriga a prescrever medicamentos antibacterianos de largo espectro que podem, a longo prazo, aumentar a resistência a antibióticos. Um grave problema que podem causar ondas de choque negativa por toda a Europa.
• Uma carrinha: para que as equipas de médicos e enfermeiros possam levar assistência a comunidades montanhosas remotas, que sofrem ainda mais com o isolamento e a falta de acesso aos serviços de saúde.
A força de Portugal reside na saúde, no nosso conhecimento e na experiência dos nossos profissionais. Podemos oferecer treino e capacitação aos colegas ucranianos, compartilhar experiência em áreas como gestão de crises humanitárias, saúde mental em cenários de guerra e combate à resistência a antibióticos. Podemos, ainda, auxiliar na organização e logística do sistema de saúde ucraniano, otimizando recursos e garantindo o acesso da população aos cuidados médicos. Sem esquecer a partilha de bens essenciais, como vacinas ou material de consumo clínico.
A guerra na Ucrânia é uma tragédia que envergonha a humanidade. Na frente política, tudo devemos fazer para que a Rússia aceite as fronteiras internacionalmente reconhecidas da Ucrânia. Estamos unidos em solidariedade, para que a paz e a justiça prevaleçam. Portugal, com sua tradição humanitária e experiência em saúde, pode contribuir ativamente para a reconstrução da Ucrânia e recuperação do seu sistema de saúde.

 

 

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