Um estudo recente conduzido por investigadores do Instituto Superior Miguel Torga, em Coimbra, revelou que os estudantes universitários deslocados da sua residência habitual enfrentam desafios significativos à sua saúde mental. A investigação, que contou com a participação de 163 estudantes, mostrou que este grupo apresenta níveis mais elevados de ansiedade, depressão e stress em comparação com a população geral portuguesa.
O estudo analisou as condições de alojamento dos estudantes e a sua relação com indicadores de saúde mental. Embora a maioria dos participantes tenha relatado satisfação com as características básicas do alojamento, como mobiliário, internet e conforto, uma percentagem significativa (45,4%) expressou dificuldade em encontrar alojamento, especialmente na zona desejada.
Os resultados indicaram que as mulheres apresentaram níveis mais elevados de ansiedade e stress em comparação com os homens, embora não tenham sido observadas diferenças significativas nos sintomas de depressão entre os sexos. Além disso, os estudantes internacionais mostraram níveis mais altos de ansiedade em relação aos estudantes nacionais.
Um dado particularmente preocupante é que os valores médios de ansiedade, depressão e stress entre os estudantes deslocados foram significativamente superiores aos da população geral portuguesa. Este achado sublinha a necessidade urgente de implementar medidas de apoio psicológico específicas para este grupo vulnerável.
O estudo também revelou uma correlação positiva entre a idade dos estudantes e os sintomas de depressão, sugerindo que os estudantes mais velhos podem estar em maior risco de desenvolver problemas de saúde mental.
Apesar de não terem sido encontradas diferenças significativas nos sintomas de ansiedade, depressão e stress em função das condições específicas de alojamento, os investigadores enfatizam a importância de desenvolver estratégias de apoio abrangentes. Estas podem incluir o desenvolvimento de habilidades de coping adaptativas, a promoção de redes de suporte social e o incentivo à participação em atividades extracurriculares.
Os autores do estudo destacam a necessidade de mais investigação nesta área, especialmente considerando as limitações do estudo atual, como o tamanho da amostra e o desequilíbrio na distribuição por género e entre estudantes nacionais e internacionais. No entanto, os resultados obtidos já fornecem insights valiosos para instituições de ensino superior e formuladores de políticas, sublinhando a urgência de abordar as questões de saúde mental entre os estudantes universitários deslocados.
PR/HN/MM
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