Cancro Colorretal em Portugal: Falta de Rastreio Populacional Custa 12 Vidas por Dia

6 de Março 2025

Portugal enfrenta uma crise silenciosa com o aumento alarmante de cancros digestivos, especialmente o colorretal. A falta de um rastreio populacional estruturado resulta em 12 mortes diárias.

O cancro colorretal está a tornar-se uma preocupação crescente em Portugal, com dados alarmantes que revelam não só um aumento significativo de casos, mas também uma tendência preocupante de incidência em faixas etárias mais jovens. Segundo o GLOBOCAN 2022, o país regista mais de 10.500 novos casos por ano, resultando numa média de 12 mortes diárias.

A Europacolon Portugal, face a esta realidade, exige medidas concretas para combater esta situação. Um dos principais problemas identificados é a ausência de um rastreio de base populacional estruturado, uma ferramenta crucial na deteção precoce e prevenção da doença.

Os dados revelam um panorama ainda mais sombrio quando se considera o espectro mais amplo dos cancros digestivos. Entre 2019 e 2022, houve um aumento de 4,7% na incidência e 14,12% na mortalidade do cancro do intestino. Em 2022, as doenças digestivas afetaram mais de 18 mil pessoas e foram responsáveis por 11.700 mortes em Portugal.

O cancro do intestino lidera como o mais letal, com 4.809 mortes, seguido pelo cancro do estômago (2.578) e do pâncreas (2.086). Diariamente, 30 pessoas perdem a vida devido a cancros digestivos no país.

Vítor Neves, representante da Europacolon Portugal, enfatiza a importância dos cuidados de saúde primários na deteção precoce: “É essencial que as unidades de cuidados de saúde primários valorizem a sintomatologia que os utentes transmitem nas consultas. Os médicos de família e os centros de saúde têm um papel crucial na deteção precoce destas doenças”.

Para combater esta epidemia silenciosa, são necessárias várias medidas urgentes:

  • Implementação de um rastreio de base populacional para pessoas entre os 50 e os 74 anos.
  • Redução das desigualdades no acesso ao rastreio em todas as regiões do país.
  • Aceleração na adoção de novas tecnologias de rastreio, como as investigadas no projeto europeu ONCOSCREEN.
  • Reforço do investimento em campanhas de sensibilização para aumentar a consciencialização sobre a importância do rastreio.

A situação atual do cancro colorretal em Portugal é um claro indicador de que a falta de vontade política está a custar vidas. A implementação de um programa de rastreio eficaz e acessível, juntamente com uma maior consciencialização e prevenção, poderia salvar milhares de vidas anualmente.

PR/HN/MM

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