Terapia com Partículas Alfa: Novo Tratamento para Melanoma Metastático

12 de Março 2025

Investigadores da Universidade de Chiba desenvolveram uma terapia com astatino-211 que suprime tumores de melanoma metastático com alta precisão, minimizando danos aos tecidos saudáveis. O estudo promete revolucionar o tratamento de cancros resistentes.

Uma equipa de investigadores japoneses, liderada pelo Professor Assistente Hiroyuki Suzuki da Universidade de Chiba, desenvolveu uma terapia inovadora para o tratamento do melanoma metastático, um dos tipos mais agressivos de cancro de pele. A nova abordagem, designada Terapia com Partículas Alfa (TAT), utiliza um fármaco radiomarcado com astatino-211 (211At) para atingir seletivamente as células cancerígenas, oferecendo uma alternativa promissora às terapias convencionais, que frequentemente apresentam eficácia limitada e efeitos colaterais significativos.

O melanoma metastático, também conhecido como melanoma em estágio IV, é caracterizado pela disseminação do cancro para outras partes do corpo. As opções de tratamento atuais, como a imunoterapia e os fármacos direcionados, nem sempre são eficazes, e a radioterapia convencional, que utiliza radionuclídeos emissores de partículas beta, pode causar danos aos tecidos saudáveis devido ao seu alcance relativamente longo. A TAT, por outro lado, recorre a partículas alfa, que são mais pesadas e têm um alcance muito curto, permitindo uma libertação de energia altamente concentrada e localizada, ideal para destruir células cancerígenas sem afetar significativamente os tecidos circundantes.

A equipa de investigação desenvolveu um análogo do péptido α-MSH (hormona estimulante de melanócitos) marcado com astatino-211, designado [211At]NpG-GGN4c, que se liga especificamente aos recetores de melanocortina-1 (MC1R), expressos em excesso nas células do melanoma. Este direcionamento preciso permite uma elevada seletividade tumoral, minimizando a exposição radioativa de órgãos não-alvo.

Os testes realizados em modelos de ratos com melanoma B16F10 revelaram resultados promissores. O fármaco mostrou uma acumulação significativa nos tumores e uma rápida eliminação dos órgãos não-alvo, confirmando a sua especificidade e estabilidade. Além disso, o crescimento tumoral foi suprimido de forma dose-dependente, sem efeitos tóxicos graves. A estabilidade do composto no plasma sanguíneo também foi comprovada, reduzindo o risco de libertação radioativa no organismo.

O Professor Suzuki destacou que o design molecular do fármaco pode servir de base para o desenvolvimento de outros radiofármacos marcados com astatino-211, abrindo portas para o tratamento de outros tipos de cancro resistentes. A equipa espera que, após ensaios clínicos bem-sucedidos, esta terapia se torne uma opção viável para pacientes com melanoma avançado nos próximos anos.

Este avanço representa um marco significativo no campo da radiotheranóstica, consolidando o trabalho pioneiro do Professor Suzuki, recentemente distinguido com o Prémio de Melhor Investigador Jovem pela Sociedade Japonesa de Medicina Nuclear. A terapia com astatino-211 pode, assim, revolucionar o tratamento de cancros de difícil tratamento, oferecendo novas esperanças aos pacientes.

Referências: Title of original paper: An 211At-labeled alpha-melanocyte stimulating hormone peptide analog for targeted alpha therapy of metastatic melanoma
Authors: Hiroyuki Suzuki1, Saki Yamashita1, Shoko Tanaka1, Kento Kannaka1, Ichiro Sasaki2, Yasuhiro Ohshima,2, Shigeki Watanabe2, Kazuhiro Ooe3, Tadashi Watabe3,4, Noriko S. Ishioka2, Hiroshi Tanaka5,6, and Tomoya Uehara1

 

NR/HN/ALphagalileo

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