Trabalho remoto é vital para trabalhadores com deficiência, revela pesquisa

13 de Março 2025

Um estudo da Lancaster University revela que o retorno obrigatório ao escritório pode prejudicar mais de um milhão de trabalhadores com deficiência no Reino Unido, para quem o trabalho remoto é essencial para gerir a saúde e manter o emprego.

Um novo estudo liderado pela Lancaster University, em colaboração com a Work Foundation, a Manchester Metropolitan University e a Universal Inclusion, alerta que a imposição de regras arbitrárias de retorno ao escritório pode prejudicar mais de um milhão de trabalhadores com deficiência no Reino Unido. A investigação, financiada pela Nuffield Foundation, destaca que o acesso ao trabalho remoto e híbrido tornou-se essencial para muitas pessoas com deficiência ou condições de saúde de longa duração, permitindo-lhes permanecer no mercado de trabalho.

Cinco anos após o primeiro confinamento devido à Covid-19, a análise revela que um em cada cinco trabalhadores britânicos (6,64 milhões) trabalha principalmente a partir de casa, sendo que quase um quinto desses (1,16 milhões) são pessoas com deficiência. O estudo, que incluiu inquéritos a mais de 1.200 trabalhadores com deficiência, mostrou que 80% dos que trabalham totalmente em regime remoto afirmam que esta modalidade teve um impacto positivo na gestão da sua saúde. No entanto, essa percentagem cai para 38% entre aqueles que trabalham remotamente menos de metade do tempo, sugerindo que os benefícios diminuem quando são obrigados a trabalhar presencialmente com frequência.

Além disso, 85% dos trabalhadores com deficiência inquiridos consideram o acesso ao trabalho remoto ou híbrido “muito importante” ou “essencial” na procura de um novo emprego. Cerca de 30% dos que já trabalham em regime híbrido gostariam de passar mais tempo a trabalhar a partir de casa.

Rebecca Florisson, analista principal da Work Foundation, sublinha que o trabalho remoto não é um “extra opcional” para muitos trabalhadores com deficiência, mas sim uma condição vital para que possam entrar e permanecer no mercado de trabalho. Um estudo recente do governo britânico mostrou que um quarto das pessoas que recebem subsídios de saúde e deficiência poderiam trabalhar se tivessem a opção de fazê-lo remotamente. No entanto, as recentes exigências de retorno ao escritório por parte de empregadores ignoram as necessidades críticas destes trabalhadores, que representam quase um quarto da população em idade ativa no Reino Unido.

Apesar do aumento da procura por flexibilidade, o estudo revela que as oportunidades de trabalho remoto ou híbrido são escassas. Uma análise das vagas disponíveis no portal Find a Job do Departamento de Trabalho e Pensões, entre 8 de dezembro de 2024 e 7 de janeiro de 2025, mostrou que apenas 3,8% das 94.827 vagas anunciadas ofereciam opções de trabalho híbrido ou remoto. Destas, 26% estavam concentradas em Londres e no Sudeste do país, limitando as oportunidades noutras regiões.

Os investigadores alertam que, se os empregadores continuarem a ignorar a necessidade de flexibilidade, estarão a perder um vasto pool de talentos e a afastar ainda mais os trabalhadores com deficiência do mercado de trabalho. Dados do Office for National Statistics indicam que quase um quarto da população em idade ativa no Reino Unido é classificada como tendo uma deficiência. Os investigadores defendem que, se o governo reduzisse para metade a lacuna de empregabilidade das pessoas com deficiência, alcançaria a sua meta de 80% de emprego e cumpriria a promessa de colocar mais dois milhões de britânicos a trabalhar.

Entre as recomendações do estudo, destacam-se a necessidade de aumentar a visibilidade das oportunidades de trabalho remoto e híbrido, fortalecer o acesso a ajustes razoáveis para trabalhadores com deficiência e reformar os serviços do Departamento de Trabalho e Pensões para apoiar melhor estes trabalhadores. A investigação também sugere uma revisão do Disability Confident Scheme, alinhando-o com a proposta de Lei da Igualdade (Raça e Deficiência), para garantir maior transparência e inclusão.

A Dra. Paula Holland, investigadora principal do estudo, enfatiza que o trabalho remoto não é uma solução única para todos, mas que a autonomia e a escolha são fundamentais. “Muitos trabalhadores com deficiência relataram que o trabalho remoto ou híbrido teve impactos positivos na sua saúde física e mental, bem-estar, relações de trabalho e produtividade. No entanto, é crucial que os empregadores considerem as necessidades e preferências individuais ao implementar estes modelos”, conclui.

Para ler o relatório completo, aceda AQUI

NR/HN/ALphagalileo

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