OMS precisa de 19 ME para resposta humanitária em Cabo Delgado

15 de Março 2025

A Organização Mundial da Saúde (OMS) precisa de 20,7 milhões de dólares (19 milhões de euros) para resposta humanitária a 434.000 pessoas na província moçambicana de Cabo Delgado, assolada por ataques armados desde 2017.

De acordo com um relatório do Health Cluster – unidade da OMS que junta esforços para prestar apoio de emergência em vários países -, consultado hoje pela Lusa, o apoio será concretizado em 16 distritos daquela província do norte do país.

“Para o plano de resposta humanitária de 2025, a Health Cluster responderá a três objetivos (…) que cobrirão uma total de 434.000 beneficiários até o fim do ano”, explica-se no documento.

Desde outubro de 2017, Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.

Segundo a Health Cluster, do valor necessário para a resposta humanitária, 16,7 milhões de dólares (15,3 milhões de euros) serão aplicados para ajuda às vítimas do terrorismo, 2,6 milhões de dólares (2,6 milhões de euros) para os desastres naturais e o restante para emergências de saúde pública na província.

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos nessa província, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.

O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio de 2024, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de rebeldes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e militares ruandeses, que apoiam Moçambique no combate aos ataques armados.

Esta província é também assolada pelos recorrentes eventos extremos, como ciclones e tempestades, que já provocaram pelo menos 1.016 mortos em Moçambique entre 2019 e 2023, afetando cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Moçambique está em plena época chuvosa, que decorre entre outubro e abril, período em que foram já registados os ciclones Chido e Dikeledi, que afetaram, principalmente, o norte do país.

Os ciclones atingiram Moçambique entre dezembro do ano passado e janeiro último, com maior impacto para as províncias de Cabo Delgado e Nampula, tendo afetado cerca de 736.000 pessoas e causado a destruição de infraestruturas públicas e privadas.

O mais recente ciclone tropical a atingir Moçambique é o Jude que entrou no país através do distrito de Mossuril, em Nampula, com ventos de 140 quilómetros por hora e rajadas até 195 quilómetros por hora.

lusa/HN

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