ULS de Coimbra com mais de 1.700 implantes cocleares em surdos profundos em 40 anos

25 de Março 2025

A Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra realizou nos último 40 anos mais de 1.700 implantes cocleares em surdos profundos, procedimento que está “praticamente sem lista de espera” atualmente.

Passadas quatro décadas do primeiro implante coclear realizado em Portugal, que teve lugar no serviço de Otorrinolaringologia do Centro de Referência de Implantes Cocleares (CRIC) da ULS de Coimbra, os utentes, neste momento, conseguem ter acesso a cirurgia para implantar o aparelho no prazo de cerca de um mês, revelou o coordenador do Centro, João Elói.

“As taxas de sucesso são muito altas”, com cerca de 80% dos pacientes a falarem ao telefone e a maioria das crianças a frequentarem a escola regular, afirmou o responsável aos jornalistas, na manhã de hoje, no Hospital dos Covões.

Neste momento, mais de 40% dos procedimentos cirúrgicos são realizadas em crianças, grupo etário que nunca ouviu, sendo assim necessário passar também pela habilitação inicial da fala.

O implante coclear é um dispositivo eletrónico cirurgicamente implantado, que estimula diretamente o nervo auditivo.

O trabalho desenvolvido no serviço de Otorrinolaringologia do CRIC da ULS de Coimbra é gratuito e “totalmente autónomo” e vai desde a avaliação pré-operatória, passando pela cirurgia e reabilitação dos utentes, existindo ainda o rastreio auditivo universal, presente “na maior parte das maternidades portuguesas”.

Como explicou João Elói, o processo até surgirem resultados nos implantados pode levar meses, sendo mais rápido em adultos.

Uma das crianças que recebeu o implante bilateral foi a Mariana, com quase três anos, que começou a dar sinais de que não correspondia aos estímulos com cerca de um ano e meio.

“Começamos a notar que ela não ouvia, quando nós chamávamos ela não reagia”, conta a mãe, Bárbara.

Apesar de, no começo, acreditar que a filha estivesse apenas concentrada em alguma atividade e por isso não respondesse aos chamamentos, houve um aviso por parte da escola, o que levou a que começasse a fazer testes.

Os resultados apontaram líquido no interior do ouvido e, com a retirada do material, foi possível detetar a surdez.

Com apenas uma semana desde a cirurgia, ainda não é possível notar resultados, mas a Mariana irá passar por terapia todas as semanas e será ajustado o programa do aparelho, permitindo-lhe assim ouvir e identificar os sons.

lusa/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

ASPE apresenta queixa à PGR contra Ministra da Saúde

A Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) apresentou ontem, 8 de maio, uma queixa junto da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a Ana Paula Martins. Em causa está o incumprimento dos deveres de imparcialidade e da boa-fé negocial, entre outros, o que tem implicações na liberdade sindical e na negociação coletiva.

APCL promove o primeiro concurso ibérico de fotografia e curtas-metragens sobre Linfoma Cutâneo de Células T

A Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL) apresenta o CertamenT, o primeiro concurso ibérico de fotografia e curtas-metragens dedicado ao Linfoma Cutâneo de Células T. A iniciativa é desenvolvida em parceria com a Asociación Española de Afectados por Linfoma, Mieloma y Leucemia (AEAL) e com a Academia Espanhola de Dermatologia e Venereologia (AEDV), contando com o apoio da farmacêutica Kyowa Kirin.

Fisioterapeutas debatem SNS, impacto da inteligência artificial e regulação em Congresso

A Fisioterapia centrada na pessoa, o seu papel na saúde pública, a regulação profissional, as inovações tecnológicas e o impacto da inteligência artificial na prática da Fisioterapia são alguns dos temas a abordar no XII Congresso Nacional dos Fisioterapeutas, que começa hoje, em Lisboa, na sede da Ordem dos Contabilistas Certificados.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights