A Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, proferiu uma intervenção marcante na cerimónia de abertura do 42 Encontro Nacional de Medicina Familiar, que decorre em Tróia até amanhã. Durante a sua comunicação, destacou a importância dos cuidados de saúde primários como pedra angular do sistema de saúde, garantindo a continuidade e globalidade dos cuidados ao longo da vida dos cidadãos.
A Ministra iniciou a sua intervenção reconhecendo que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está a atravessar uma fase de profunda transformação, um processo que se intensificou após a pandemia. No entanto, sublinhou que o objetivo final desta transformação é reforçar o papel central dos cuidados de saúde primários na garantia do acesso universal e equitativo a cuidados de saúde de qualidade, conforme estabelecido na Constituição portuguesa.
Ana Paula Martins salientou que os cuidados primários são o primeiro ponto de contacto dos cidadãos com o SNS, desempenhando um papel crucial na prevenção e promoção da saúde. Além disso, destacou que a melhoria dos cuidados primários pode reduzir a necessidade de cuidados mais complexos nos hospitais, uma vez que a intervenção precoce e a gestão eficaz das condições de saúde podem evitar complicações.
A Ministra também abordou a questão da saúde dos migrantes, enfatizando a necessidade de uma abordagem cuidadosa e não discriminatória. Ressaltou que é fundamental garantir que as pessoas que vivem em Portugal tenham acesso igualitário aos cuidados de saúde, independentemente da sua origem geográfica.
Outro ponto destacado foi a sustentabilidade financeira do sistema de saúde. Ana Paula Martins referiu que a reforma dos cuidados de saúde primários ao longo dos últimos 20 anos tem produzido modelos eficazes, que permitem mitigar as desigualdades em saúde e responder às emergências de saúde pública. No entanto, reconheceu que ainda há desafios a superar, como a necessidade de investir mais em prevenção e promoção da saúde.
A Ministra expressou a sua convicção de que o futuro do SNS depende da capacidade de se adaptar às novas realidades e velocidades, destacando a importância de uma gestão desconcentrada e descentralizada. Criticou a extinção das Administrações Regionais de Saúde (ARS) como um processo “pouco planeado”, que levou à perda de estruturas próximas das comunidades, essenciais para uma governação eficaz.
Por fim, Ana Paula Martins concluiu que a melhoria contínua do modelo organizacional das Unidades de Saúde Familiar (USF) é fundamental para adaptar as estruturas às necessidades atuais. Destacou a importância de generalizar este modelo por todo o território nacional, integrando-o com as comunidades locais de saúde.
Durante a sua intervenção, a Ministra também abordou a necessidade de preparação para emergências de saúde pública, aproveitando as lições aprendidas durante a pandemia. Enfatizou que o próximo governo deve dar especial atenção a este aspeto, garantindo que Portugal esteja bem preparado para enfrentar futuros desafios.
A cerimónia de abertura do 42 Encontro Nacional de Medicina Familiar contou com a presença de centenas de profissionais de saúde, que se reuniram para discutir os principais desafios e oportunidades no campo da medicina familiar. O encontro oferece um fórum para a troca de ideias e experiências, visando melhorar a qualidade dos cuidados de saúde primários em Portugal.
RT/HN/MM/AL
0 Comments