Uma investigação recente conduzida pela Universidade Ruhr de Bochum, na Alemanha, trouxe à luz informações preocupantes sobre a eficácia de desinfetantes comuns contra o vírus da hepatite A (HAV). O estudo, publicado no Journal of Hospital Infection a 14 de março de 2025, testou nove desinfetantes de superfície diferentes, revelando que apenas dois produtos à base de aldeídos foram capazes de inativar eficazmente o HAV.
A equipa de investigação, liderada pela estudante de doutoramento Lilli Pottkämper do Departamento de Virologia Molecular e Médica, aplicou partículas do HAV em superfícies de aço para avaliar a sua sobrevivência ao longo do tempo. Os resultados foram surpreendentes: partículas infeciosas foram detetadas nas superfícies por até 40 dias, demonstrando uma estabilidade excecional do vírus. Em média, foram necessários cerca de 18 dias para que o número de partículas infeciosas fosse reduzido pela metade.
Entre os nove produtos testados, incluíam-se desinfetantes à base de álcool, aldeídos, ácido peracético, oxigénio e peróxido de hidrogénio. Pottkämper salientou que, “Com exceção dos dois produtos à base de aldeídos, nenhum dos desinfetantes reduziu o risco de infeção a um nível suficiente”.
Esta descoberta é particularmente relevante considerando que o HAV é responsável por cerca de 159.000 infeções e 39.000 mortes por ano em todo o mundo. O vírus é excretado através das fezes e geralmente ingerido oralmente, frequentemente através de alimentos ou água contaminados. Embora a extensão da transmissão através de superfícies contaminadas não seja totalmente conhecida, os investigadores sugerem que uma desinfeção eficaz das superfícies poderia ajudar a prevenir infeções, especialmente em situações de altas taxas de infeção.
Este estudo sublinha a importância de selecionar cuidadosamente os produtos de desinfeção, particularmente em ambientes de alto risco como hospitais, escolas e estabelecimentos de restauração. Também destaca a necessidade de desenvolvimento de novos desinfetantes mais eficazes contra o HAV e potencialmente outros vírus resistentes.
NR/HN/Alphagalileo
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