Estudo revela baixos níveis de literacia financeira entre estudantes universitários

8 de Abril 2025

Um estudo realizado entre setembro e outubro de 2024 mostrou “resultados alarmantes” sobre a literacia financeira dos estudantes do ensino superior, mesmo daqueles que frequentam cursos da área da Gestão, revelou hoje o Instituto Politécnico de Viseu.

Os professores da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu (ESTGV) que realizaram o estudo concluíram que “o nível de literacia financeira dos estudantes portugueses, particularmente dos universitários do primeiro ano, continua a ser uma preocupação”, uma vez que “demonstram lacunas significativas em conceitos essenciais de finanças pessoais”.

A amostra do estudo incluiu 172 respostas de estudantes do primeiro ano da ESTGV (58,7% homens e 41,3% mulheres), 72,7% dos quais estavam matriculados em cursos de licenciatura e os restantes em Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP).

Este estudo comparou os dados com um outro semelhante realizado em 2022, tendo os resultados revelado “uma diminuição no nível de literacia financeira entre os jovens”.

Foi registado um “valor médio de literacia financeira” de 44,36 (numa escala de 0 a 100), o que representa uma queda relativamente ao estudo anterior (média de 47,53).

“Apesar de 68% dos estudantes escolherem um curso na área de Gestão, mais de um terço dos participantes não sabe calcular percentagens simples. Além disso, quase metade (47,7%) não entende o impacto da inflação e apenas 29,1% conseguem compreender o conceito de juros compostos”, concluíram os docentes.

O estudo revelou também que “quase 46% não entendem o conceito de pagamento de juros sobre empréstimos” e “78% não sabem o que é a Euribor nem o Spread”.

Os estudantes mostraram-se conscientes da sua falta de conhecimentos financeiros, tendo cerca de 63% dos inquiridos afirmado “nunca ter tido contacto com questões financeiras durante a escolaridade obrigatória”.

Na opinião dos autores do estudo, “os dados indicam que as políticas educacionais recentes do Governo português, voltadas para a introdução de temas financeiros na educação, precisam ser revistas e ajustadas”.

“A implementação de programas de literacia financeira mais robustos, relevantes e efetivamente proporcionados à generalidade dos estudantes (ou seja, fazendo parte da escolaridade obrigatória) é, portanto, uma medida crucial para preparar os jovens para a gestão responsável de suas finanças pessoais, especialmente num contexto de crescente complexidade económica”, defenderam.

Manuel Reis, Paula Sarabando, Rogério Matias e Tiago Miguel sublinharam a necessidade de “repensar o modelo de ensino de finanças no país durante todo o percurso da escolaridade obrigatória”, uma vez que “a educação financeira é um pilar essencial para o futuro da sociedade portuguesa”.

“A falta de conhecimentos financeiros pode ter impactos duradouros, não apenas para os indivíduos, mas também para a economia do país”, alertaram.

lusa/HN

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