Cinco crianças e três adultos morreram recentemente de cólera no condado de Akobo (leste) quando tentavam chegar a uma clínica, que ficava a três horas de caminhada. Não sobreviveram à viagem, sob um sol abrasador, sem água potável e medicamentos, segundo a organização não-governamental (ONG) Save de Children.
“No início deste ano, estas crianças e adultos poderiam ter recebido tratamento vital num dos 27 centros de saúde estabelecidos e apoiados pela Save the Children” no condado de Akobo, afirmou a organização.
O Sudão do Sul está a enfrentar a sua pior epidemia de cólera em 20 anos, com mais de 40 mil casos — metade destes são crianças com menos de 15 anos — e quase 700 mortes registadas entre setembro e março, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
O Governo do Presidente norte-americano, Donald Trump, desmantelou grande parte da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), que, sozinha, apoiou 42% da ajuda desembolsada em todo o mundo com o seu orçamento de 42,8 mil milhões de dólares (cerca de 38 mil milhões de euros).
Cerca de 83% dos programas financiados pelos Estados Unidos foram cortados, um golpe que atingiu duramente as operações da Save the Children no Sudão do Sul.
Devido à falta de fundos, a ONG britânica teve de enviar um terço dos seus funcionários de volta para o país. No condado de Akobo, sete das 27 clínicas que a ONG apoiava encerraram e as restantes 20 estão apenas parcialmente abertas.
Os serviços de transporte de doentes de emergência também foram interrompidos.
Segundo o UNICEF, nove dos 10 estados do Sudão do Sul estão a ser afetados por uma epidemia de cólera.
Para além da cólera, o Sudão do Sul, rico em petróleo, mas extremamente pobre, está a enfrentar conflitos armados em várias regiões, que deslocaram dezenas de milhares de pessoas.
A detenção do vice-presidente sul-sudanês, Riek Machal, pelas forças leais ao Presidente do país, Salva Kiir, marca, segundo muitos analistas, uma escalada que aproxima o país de um novo conflito, quase sete anos após o fim de uma guerra civil devastadora. Os conflitos entre os apoiadores dos dois homens fizeram cerca de 400 mil mortos e quatro milhões de deslocados entre 2013 e 2018.
NR/HN/Lusa
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