Atitude, divagação mental e sono: os segredos da recordação dos sonhos

24 de Abril 2025

Uma investigação internacional analisou mais de 200 adultos e identificou três fatores principais que explicam porque algumas pessoas se recordam dos sonhos ao acordar: atitude perante os sonhos, divagação mental e padrões de sono.

Com o apoio da Fundação BIAL, uma equipa internacional de investigadores, liderada por Giulio Bernardi da IMT School for Advanced Studies Lucca, Itália, analisou os fatores que influenciam a recordação dos sonhos em adultos saudáveis, recorrendo a uma base de dados multimodal recolhida entre 2020 e 2024. O estudo, publicado na revista Communications Psychology – Nature, envolveu 217 participantes entre os 18 e os 70 anos e destacou três fatores principais que determinam a capacidade de recordar sonhos ao acordar: a atitude em relação aos sonhos, a propensão para a divagação mental e os padrões de sono.

Os resultados mostram que pessoas que atribuem maior significado aos sonhos têm maior probabilidade de relatar experiências oníricas ao despertar. No entanto, este interesse não se traduz necessariamente numa maior capacidade de recordar detalhes do sonho. A relação causal entre interesse e recordação permanece, assim, pouco clara.

Outro fator relevante é a tendência para a divagação mental, ou “sonhar acordado”, que surge como um preditor positivo robusto da recordação dos sonhos. Esta associação sugere que indivíduos com maior propensão para gerar experiências mentais espontâneas, independentemente dos estímulos externos, tendem a recordar mais sonhos.

No que diz respeito aos padrões de sono, o estudo revela que episódios de sono mais longos e uma menor proporção de sono profundo estão associados a uma maior probabilidade de recordar sonhos. A recordação dos sonhos apresenta ainda flutuações sazonais, sendo tipicamente mais baixa no inverno do que na primavera e no outono.

Além destes fatores, a vulnerabilidade à interferência e a idade também influenciam a recordação dos sonhos. O envelhecimento, por exemplo, está associado a alterações nos padrões de sono, nomeadamente a uma diminuição dos períodos de sono leve e prolongado, o que pode afetar negativamente a capacidade de recordar sonhos.

A investigação reforça que a recordação dos sonhos resulta da interação entre fatores pessoais e características do sono, oferecendo novas perspetivas para compreender a ligação entre sonhos, memória e saúde mental.

NR/HN/ALphagalileo

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