Ilhas de Calor Urbano Agravam-se Mais Rápido em Cidades Pobres

3 de Maio 2025

Cidades de países de baixo e médio rendimento enfrentam um aumento acelerado do efeito de ilha de calor urbano, impulsionado por expansão desordenada, perda de espaços verdes e infraestrutura deficiente, agravando desigualdades sociais e riscos climáticos.

O efeito de ilha de calor urbano está a intensificar-se rapidamente em cidades de países de baixo e médio rendimento, revela uma análise global recente. Este fenómeno, impulsionado pela expansão urbana desordenada, redução de espaços verdes e infraestruturas inadequadas, está a agravar as consequências das alterações climáticas e a aprofundar as desigualdades sociais nas áreas urbanas, onde já reside mais de metade da população mundial, número que poderá atingir 70% até 2050.

O estudo, publicado na revista Urban Sustainability, analisou mais de cinco milhões de grelhas urbanas entre 2003 e 2018 e concluiu que as áreas urbanas estão a aquecer, em média, 0,021 °C por ano, com um aumento mais acentuado em países de baixo e médio rendimento. O efeito de ilha de calor ocorre quando zonas densamente edificadas, dominadas por materiais como betão e asfalto, retêm mais calor do que as áreas rurais circundantes, elevando as temperaturas urbanas, especialmente durante os dias de verão e as noites de inverno.

Regiões como o Sul da Ásia, África Subsariana e Médio Oriente registam taxas de urbanização sem precedentes, frequentemente substituindo vegetação por superfícies impermeáveis, o que altera o ciclo da água e contribui para o aumento das temperaturas. Na maioria dos casos, esta expansão ocorre sem medidas eficazes de mitigação térmica, deixando cidades como Cairo, Karachi, Daca e Nairobi particularmente vulneráveis, sobretudo em bairros informais que carecem de áreas verdes, sombra e sistemas de arrefecimento eficientes.

O impacto é mais severo para os residentes urbanos mais pobres, que vivem em habitações sobrelotadas e mal ventiladas, com acesso limitado a ar condicionado, eletricidade fiável ou espaços públicos sombreados. Estes grupos enfrentam maior risco de doenças relacionadas com o calor, pobreza energética e até mortalidade, numa clara manifestação de injustiça climática, já que são os que menos contribuem para as emissões globais mas sofrem mais com as suas consequências.

A análise destaca ainda que as cidades de países mais ricos têm conseguido estabilizar o fenómeno através de planeamento urbano e adoção de infraestruturas verdes, como jardins de cobertura e grandes espaços verdes, que ajudam a mitigar o aumento das temperaturas. Em contraste, cidades de países menos desenvolvidos, onde a cobertura vegetal diminuiu drasticamente nas últimas décadas, enfrentam uma intensificação do calor urbano.

Os especialistas defendem que soluções simples e adaptadas localmente, como jardins nos telhados, pintura de fachadas e coberturas de branco, e a promoção de espaços verdes, podem ser eficazes para reduzir o calor nas cidades. No entanto, alertam que estas respostas exigem compromisso político, investimento significativo e envolvimento comunitário, sobretudo no Sul Global, onde os recursos são mais escassos.

A investigação apela a uma cooperação internacional reforçada e ao financiamento de infraestruturas resilientes ao clima, nomeadamente através de mecanismos como o Fundo Verde para o Clima, para apoiar cidades em rápido crescimento que não dispõem de meios para se adaptarem ao calor extremo.

NR/HN/Alphagalileo

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