O Estudo Epi-Asthma, um projeto observacional realizado entre 2021 e 2024 em colaboração com 38 unidades de Cuidados de Saúde Primários, apresenta novos dados sobre a prevalência da asma em Portugal. Os resultados, publicados na revista Pulmonology, indicam que 7,1% da população adulta em Portugal Continental vive com asma, o que corresponde a aproximadamente 700 mil pessoas. A prevalência é superior nas mulheres (7,6%) em comparação com os homens (6,6%), mantendo-se estável face aos dados do Inquérito Nacional de Asma de 2010.
A investigação, conduzida pelo CINTESIS e pelo ICVS, com apoio de várias sociedades científicas nacionais, destaca que cerca de 70% dos adultos com asma não têm a doença controlada. Entre os fatores de risco identificados estão a predisposição genética, exposição a alergénios e poluentes, estilo de vida, obesidade, nível de literacia e condições socioeconómicas. Adultos jovens (18-49 anos) e idosos (≥65 anos) apresentam maior prevalência.
No que toca à asma grave, a sua prevalência na população adulta ronda os 3% dos casos de asma, de acordo com as orientações GINA, mas pode variar entre 0,6% e 8,8% consoante as guidelines internacionais, refletindo diferenças nos critérios de diagnóstico. Isto significa que entre 2.400 e 44.000 adultos poderão viver com asma grave em Portugal, muitos dos quais sem diagnóstico ou tratamento adequado, o que compromete a qualidade de vida.
O estudo também validou o A2 Score, uma ferramenta de rastreio simples para identificar casos não diagnosticados em cuidados primários. A presença de sintomas nasais e oculares, histórico familiar e prescrição de inaladores são indicadores relevantes para suspeita clínica de asma, enquanto um nível de escolaridade superior a 12 anos está associado a menor risco.
Os autores sublinham a importância de padronizar a definição de asma grave para melhorar o diagnóstico e o acompanhamento dos doentes. Os dados do Epi-Asthma são considerados cruciais para o planeamento de políticas de saúde e gestão da doença em Portugal, onde a prevalência é moderada face à média europeia. Para assinalar o Dia Mundial da Asma, foi ainda anunciado o lançamento do podcast “Mudar de Ares”, dedicado à asma grave, com estreia marcada para 15 de maio.
PR/HN/MM
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