O cancro do ovário, considerado o tumor ginecológico mais letal em Portugal, representa um desafio significativo para a saúde pública devido à sua natureza silenciosa e à dificuldade de diagnóstico precoce. Esta doença é frequentemente apelidada de “assassino silencioso” porque os sintomas iniciais são pouco específicos, confundindo-se facilmente com outras patologias menos graves. Entre os sinais mais comuns destacam-se o aumento do volume abdominal, sensação de enfartamento, saciedade precoce, perda de apetite, dor abdominal, alterações urinárias e, em fases mais avançadas, distúrbios intestinais, perda de peso e fadiga6.
Os fatores de risco incluem idade avançada, obesidade, menarca precoce, menopausa tardia, ausência de gravidez ou gravidez tardia, antecedentes familiares de cancro do ovário, mama ou colorretal, terapêutica hormonal de substituição e uso de fármacos para infertilidade6. Apesar destes fatores aumentarem a predisposição, não determinam inevitavelmente o desenvolvimento da doença.
O diagnóstico precoce é dificultado pela ausência de sintomas específicos, levando a que mais de dois terços dos casos sejam detetados numa fase avançada, quando já existem metástases noutros órgãos e o prognóstico se torna mais reservado. O diagnóstico envolve análise dos antecedentes pessoais e familiares, exames físicos, ecografia, análises ao sangue e, se necessário, biópsia.
O tratamento do cancro do ovário depende do estádio em que é diagnosticado, sendo a cirurgia e a quimioterapia as opções mais frequentes. Em casos avançados, a abordagem é mais complexa, podendo incluir quimioterapia neoadjuvante e cirurgia citorredutora, conforme as diretrizes internacionais recentemente atualizadas. A inovação terapêutica e a terapêutica de manutenção têm vindo a ganhar relevância, procurando prevenir e atrasar a recidiva, que afeta cerca de 85% das doentes nos dois anos seguintes ao tratamento inicial.
O impacto psicológico do diagnóstico e tratamento é profundo, com elevados índices de ansiedade, depressão e alterações na autoestima, agravados pela possibilidade de recidiva e pela exigência dos tratamentos. O acompanhamento psicológico é, por isso, fundamental para o bem-estar das doentes e das suas famílias.
A 8 de maio assinala-se o Dia Mundial do Cancro do Ovário, uma data que pretende sensibilizar para a importância da vigilância ginecológica regular, do conhecimento dos sintomas e da adoção de estilos de vida saudáveis, fatores essenciais para melhorar o prognóstico e a qualidade de vida das mulheres afetadas por esta doença.
PR/HN/MM
Imagem: ENVATO
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