“Esperança de vida nos EUA: estudo expõe disparidades regionais históricas

8 de Maio 2025

Um estudo da Universidade de Yale revela que a esperança de vida nos EUA varia drasticamente entre estados, com ganhos mínimos no Sul e avanços notáveis no Nordeste e Oeste, refletindo décadas de desigualdades em saúde e políticas públicas.

Um estudo de grande escala liderado pela Escola de Saúde Pública de Yale analisou mais de 179 milhões de óbitos entre 1969 e 2020 e revelou diferenças profundas na esperança de vida entre os estados dos EUA e Washington, D.C., ao longo do último século. O trabalho, publicado na JAMA Network Open, utilizou uma abordagem inovadora baseada em coortes de nascimento, permitindo compreender como as condições sociais, políticas de saúde e fatores ambientais moldaram a longevidade dos americanos de acordo com o local onde nasceram123.

Os resultados mostram que, enquanto estados do Nordeste e do Oeste, como Nova Iorque e Califórnia, registaram aumentos superiores a 20 anos na esperança de vida desde 1900, alguns estados do Sul, como Mississippi, Alabama e Kentucky, viram progressos mínimos – em certos casos, menos de três anos para mulheres ao longo de um século. Washington, D.C., destacou-se pela evolução mais expressiva, passando de ter a esperança de vida mais baixa em 1900 para alcançar melhorias de 30 anos nas mulheres e 38 anos nos homens até 2000.

A análise por coorte permitiu identificar que, para homens nascidos após 1950 em muitos estados do Sul, os ganhos em esperança de vida praticamente estagnaram, com aumentos inferiores a dois anos desde então. Em contraste, estados como Havai e Massachusetts mantiveram-se consistentemente no topo das classificações de longevidade.

O estudo atribui estas disparidades a fatores sistémicos, como desvantagens socioeconómicas, acesso limitado a cuidados de saúde e políticas públicas menos robustas. O impacto das políticas locais é evidente: a Califórnia, pioneira em ambientes de trabalho livres de fumo desde 1995, registou melhorias substanciais, enquanto estados como Kentucky, sem medidas eficazes de controlo do tabaco, continuam a apresentar taxas de mortalidade mais elevadas.

Outro indicador analisado foi o tempo necessário para duplicar o risco de morte após os 35 anos, um reflexo do envelhecimento saudável. Novamente, estados como Nova Iorque e Flórida apresentaram progressões mais lentas na mortalidade, enquanto Oklahoma e Iowa registaram aumentos mais rápidos.

Os investigadores sublinham que estas diferenças resultam de décadas de acumulação de fatores como taxas de tabagismo, acesso a cuidados de saúde, exposições ambientais e investimentos em saúde pública. Sem mudanças políticas deliberadas, alertam, estas desigualdades tendem a persistir ou até agravar-se.

NR/HN/AlphaGalileo

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