Raparigas expostas a traumas infantis têm maior propensão a comportamentos suicidas

8 de Maio 2025

Um estudo da Universidade de Turku revela que adolescentes expostos a abusos, negligência ou violência doméstica na infância têm risco duplicado de ideação suicida. Raparigas são mais vulneráveis, e 50% dos casos não são detetados na triagem inicial de serviços de saúde mental.

Uma investigação da Universidade de Turku, na Finlândia, publicada a 8 de maio de 2025, demonstra que experiências adversas na infância – como abuso físico, sexual, emocional, negligência ou exposição a violência doméstica – aumentam significativamente o risco de comportamentos suicidas em adolescentes. O estudo, liderado pela investigadora Karen L. Celedonia, analisou dados de adolescentes norte-americanos em serviços comunitários de saúde mental, revelando que a prevalência de tentativas de suicídio neste grupo é três vezes superior à da população geral.

As raparigas mostraram-se particularmente vulneráveis, com maior probabilidade de manifestarem eventos suicidas durante o tratamento. A pesquisa identificou ainda falhas críticas nos sistemas de triagem: 45% dos adolescentes que tentaram suicídio haviam sido classificados como “baixo risco” na avaliação inicial. Celedonia atribui esta discrepância à dificuldade em estabelecer uma relação de confiança entre terapeutas e pacientes nos primeiros contatos, limitando a revelação espontânea de históricos traumáticos.

Entre os fatores de risco destacados, o abuso sexual emergiu como o principal preditor de ideação suicida. A investigação propõe a implementação de rastreios contínuos de risco, independentemente dos resultados iniciais, e defende terapias específicas para sintomas suicidas. Paralelamente, alerta para desafios éticos no uso de sistemas de deteção de risco em redes sociais, citando potenciais violações de privacidade e estigmatização em países de baixa renda.

Como medidas preventivas, os investigadores recomendam:

  • Campanhas de prevenção primária contra abuso sexual infantil
  • Reforço de apoio psicológico direcionado a adolescentes do sexo feminino
  • Formação de profissionais em abordagens terapêuticas focadas em calor humano, comunicação aberta e análise do ecossistema familiar

O estudo sublinha a urgência em melhorar os recursos dos serviços de saúde mental comunitários, frequentemente sobrecarregados e mal equipados para lidar com casos de alta complexidade.

Bibliografia:

Suicidality among at-risk adolescents receiving community-based behavioral and mental health services in the United States: A critical examination using mixed methods; Caledonia, Karen; Annales Universitatis Turkuensis, Ser D: Medica – Odontologica
https://urn.fi/URN:ISBN:978-952-02-0018-3
ISBN 978-952-02-0018-3 (PDF)
08/05/2025
NR/HN/AlphaGalileo

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