Em Portugal, a infertilidade afeta aproximadamente 500 mil casais, representando cerca de 15% da população. Apesar da prevalência, o tema permanece envolto em estigma social, especialmente em países latinos como Portugal, onde ainda é tabu falar abertamente sobre dificuldades em engravidar. O Mês de Consciencialização para a Fertilidade surge como oportunidade para quebrar mitos e promover o diálogo, tanto com profissionais de saúde como com familiares e amigos.
Segundo Miguel Lopo Tuna (na imagem), médico especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Medicina de Reprodução, adiar a investigação e o início dos tratamentos de procriação medicamente assistida (PMA) pode reduzir significativamente as hipóteses de construir a família desejada. A fertilidade natural é limitada, com taxas de sucesso de apenas 20 a 30% por ciclo, descendo para cerca de 10% aos 35 anos. Em Portugal, existem cerca de 29 centros de PMA, públicos e privados, com cerca de 70 subespecialistas, onde todas as técnicas de PMA estão disponíveis para casais heterossexuais, casais do mesmo sexo e mulheres solteiras. As taxas de sucesso destes centros são equiparadas às melhores do mundo.
As principais causas de infertilidade feminina incluem fatores ovulatórios, idade e problemas nas trompas, enquanto nos homens destacam-se as alterações do esperma. No entanto, outros fatores como sono de qualidade, alimentação equilibrada, prática regular de exercício físico e eliminação de vícios como tabaco, excesso de café ou álcool, têm impacto direto na fertilidade e no sucesso dos tratamentos. A vigilância ginecológica é essencial para despistar patologias como endometriose, miomas e infeções sexualmente transmissíveis.
A investigação científica na área da fertilidade é dinâmica, com inovações em meios laboratoriais e estudos genéticos e imunológicos. Embora Portugal não disponha de investigação robusta própria, beneficia rapidamente dos avanços internacionais, que são integrados nos centros nacionais através de publicações e reuniões científicas.
Para os casais que enfrentam dificuldades em engravidar, recomenda-se a adoção de hábitos saudáveis, compreensão do ciclo menstrual e do período fértil, e a procura de apoio médico após um ano de tentativas sem sucesso (ou seis meses, em caso de patologia conhecida). No sistema público, o acesso aos tratamentos de PMA está disponível até aos 39 anos para mulheres, com um tempo de espera médio de um ano.
O especialista sublinha a necessidade de desmistificar a infertilidade, um problema transversal a todos os estratos sociais, raças e credos, e apela ao apoio da sociedade para com os casais que enfrentam este desafio.
PR/HN
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