Uma equipa do Paul Scherrer Institut (PSI), em colaboração com o Hospital Universitário de Berna (Inselspital), revelou avanços significativos no combate ao linfoma através da utilização do elemento radioativo terbium-161. O estudo, liderado por Elisa Rioja-Blanco e Martin Béhé, foi publicado no Journal of Nuclear Medicine e aponta para uma eficácia inédita desta abordagem em comparação com as terapias atualmente disponíveis.
A nova técnica, desenvolvida no Centro de Ciências Radiofarmacêuticas do PSI sob a direção de Roger Schibli, consiste em acoplar o isótopo radioativo terbium-161 a um anticorpo que reconhece o recetor CD30, presente em cerca de um terço dos casos de linfoma. Este complexo é injetado no doente, permitindo que o terbium-161 seja direcionado especificamente para as células tumorais, poupando os tecidos saudáveis.
Nos ensaios laboratoriais, o composto com terbium-161 revelou-se entre 2 a 43 vezes mais eficaz a eliminar células cancerígenas do que o equivalente com lutécio-177, substância já usada em hospitais. Os testes em modelos animais mostraram que ratos tratados com terbium-161 sobreviveram, em média, o dobro do tempo em relação aos tratados com lutécio-177, e alguns ficaram totalmente livres de cancro após a terapia.
Segundo Elisa Rioja-Blanco, primeira autora do estudo, “os nossos resultados fornecem boas indicações de que esta substância poderá também revelar-se eficaz contra linfomas em humanos”. Martin Béhé, também envolvido no projeto, destaca que a ação altamente localizada do terbium-161, graças à emissão de eletrões de conversão e Auger, permite destruir mesmo pequenas populações de células tumorais, incluindo células isoladas no sangue, algo que as terapias convencionais não conseguem alcançar.
Roger Schibli, chefe do Centro de Ciências Radiofarmacêuticas do PSI, sublinha o impacto do trabalho desenvolvido: “A razão da nossa investigação é ajudar os doentes com cancro. É profundamente gratificante, após mais de dez anos de desenvolvimento, ver esta abordagem avançar para a clínica”.
A equipa está agora a otimizar o tratamento para avançar com ensaios clínicos em humanos, com o objetivo de aumentar significativamente as taxas de sobrevivência dos doentes com linfoma, especialmente nos casos mais resistentes às terapias convencionais.
Referências: Terbium-161 radioimmunotherapy as a novel treatment for CD30+ lymphomas
Elisa Rioja-Blanco, Yara Banz, Christoph Schlapbach, Urban Novak, Tanja Chiorazzo, Pascal V. Grundler, Nicholas P. van der Meulen, Michal Grzmil, Roger Schibli, Martin Béhé
Journal of Nuclear Medicine, 02/06/2025 (online)
DOI: 10.2967/jnumed.124.268805
NR/HN/ALphagalileo
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