Estudo prova que uma postura dominante nas crianças pode melhorar a autoestima e a confiança na escola

26 de Maio 2020

A confiança de uma criança e a sua atitude perante a escola podem ser melhoradas através da postura corporal. Esta é a principal conclusão de um estudo conduzido pelos psicólogos das Universidades Otto Friedrich, em Bamberg na Alemanha, e da Martin Luther University Halle-Wittenberg (MLU), recentemente publicado no School Psychology International.

“Liguagem corporal não é só a expressão de um sentimento”

Algumas poses não precisam de grande explicação: quando alguém se senta com os braços cruzados atrás da cabeça repousando os pés casualmente sobre a secretária, essa pessoa estará provavelmente a sentir-se confiante. Braços cruzados à frente do corpo ou as costas arqueadas, por outro lado, são indicações típicas de insegurança. “A linguagem corporal não é apenas a expressão de um sentimento, também pode transmitir todo um estado de espírito”, explica Robert Körner do Instituto de Psicologia da Universidade de Bamberg e da MLU.

Investigadores dedicados às chamadas “poses de poder” (power poses em inglês) tentaram apurar até que medida pode uma certa postura corporal influenciar os sentimentos e autoestima de alguém. “As “poses de poder” são uma demonstração não-verbal de poder. Isto envolve fazer gestos e mudanças de postura arrojadas”, diz Körner.

Até agora a maioria das investigações focava-se nos efeitos sobre a população adulta, mas Körner e a equipa de que faz parte foram os primeiros a estudar os efeitos em crianças que, com explica, “a partir dos cinco anos conseguem reconhecer e interpretar a postura dos outros”.

Uma postura relaxada e aberta resulta num melhor estado de espírito

A investigação envolveu 108 alunos do quarto ano de escolaridade. Divididos em dois grupos, um teria que adotar duas posturas abertas e relaxadas durante um minuto, enquanto um outro posava com os braços cruzados e de cabeça para baixo. Depois disto as crianças completariam uma série de testes psicológicos.

As crianças que tinham assumido posturas abertas e relaxadas indicavam melhorias no humor e transmitiram mais autoestima que as crianças do outro grupo. Os resultados eram particularmente visíveis em questões que diziam respeito à escola. “Neste caso, as posturas de poder tiveram o seu maior efeito na autoestima das crianças”, concluiu o investigador sugerindo que “os professores podem tentar perceber se o método é capaz de ajudar os alunos”.

Ainda assim, Körner explica que os resultados dos seus estudos não devem receber demasiada importância e que as expetativas em relação a esta técnica devem manter-se moderadas, até porque os efeitos apresentados são de curto-prazo. Problemas sérios ou doenças mentais devem ser tratadas por profissionais treinados.

Este novo estudo é consistente com investigações mais antigas sobre a questão das “posturas de poder”. Contudo, o conceito é algo controverso na área da investigação psicológica e apesar de alguns estudos terem reportado alterações hormonais e de comportamento, esses resultados acabaram por nunca ser replicados.

Ainda assim, este continua a ser um caso de estudo para outras disciplinas científicas e mesmo dentro da própria psicologia. “Para mantermos o nosso estudo o mais objetivo e transparente possível ele foi pré-registado, incluindo a metodologia utilizada. Isto significa que planeámos tudo com antecedência e que não pudemos fazer nada de diferente”, explicou Körner.

HN/ JM

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