Projeto alerta para controlo da obesidade infantil

Projeto alerta para controlo da obesidade infantil

O projeto “Estou na Linha” foi desenvolvido pela autarquia, do distrito de Leiria, em parceria com a Equipa de Saúde Escolar do Agrupamento de Centros de Saúde (Aces) Oeste Norte, face à importância de “ter a noção concreta da realidade local do concelho a nível da obesidade infantil, tendo em conta que os recentes números apontam para os 30% de crianças com excesso de peso em Portugal”, justificou o presidente da Câmara de Alcobaça, Hermínio Rodrigues (PSD).

Entre os meses de janeiro e abril foram rastreadas 1.986 crianças do ensino pré-escolar e do 1.º ciclo do ensino básico, “sendo os casos considerados de risco (com IMC – Índice de Massa Corporal superior a 95) encaminhados para o respetivo médico de família”, informou a Câmara.

Os resultados do estudo, que abrangeu 82% das crianças do jardim-de-infância e 85% dos inscritos no 1.º ciclo do ensino básico, hoje divulgados, revelam que “a grande maioria das crianças do pré-escolar (78%) e do 1.º ciclo (74%) apresenta níveis normais de IMC”.

Das 502 crianças do pré-escolar avaliadas (de um total de 613 inscritas) constatou-se que “4% apresenta o percentil de peso abaixo do recomendado, 78% apresenta dentro dos valores recomendados, 13% apresenta excesso de peso e 5% apresenta obesidade”, pode ler-se numa nota de imprensa da autarquia.

No que toca ao 1.º ciclo, foram avaliados 1.484 dos 1.755 alunos inscritos, verificando-se que “3% apresenta o percentil de peso abaixo do recomendado, 74% apresenta dentro dos valores recomendados, 16% apresenta excesso de peso e 6% apresenta obesidade”.

Com base nos resultados, “18 crianças do pré-escolar, com percentil IMC superior a 95, foram encaminhadas para o médico de família” e outras cinco “encontram-se devidamente acompanhadas pelo que não foram encaminhadas”, refere a mesma nota.

Quanto aos alunos do 1.º ciclo, 85 foram encaminhados para o médico de família e seis estavam também já a ser acompanhados.

“Estes resultados são motivadores e refletem, naturalmente, todo o trabalho de promoção de alimentação saudável que a Câmara Municipal de Alcobaça tem vindo a efetuar desde 2005”, afirmou o autarca, citado na nota em que exemplifica com a distribuição de fruta nas escolas (desde 2010) e a dinamização local do projeto “Heróis da Fruta”, implementado no concelho desde 2014.

Para o presidente, “num tempo em que a alimentação e sedentarismo contribuem seriamente para estilos de vida pouco saudáveis”, cabe “aos responsáveis políticos, também como aos pais, trabalhar para inverter esta tendência”.

A obesidade infantil é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um dos mais sérios desafios de saúde pública, estimando-se que em todo o mundo cerca de 200 milhões de crianças em idade escolar apresentem excesso de peso, das quais 40 a 50 milhões são obesas.

Médicos do Centro lideram Fórum Regional das Ordens Profissionais

Médicos do Centro lideram Fórum Regional das Ordens Profissionais

“As ordens profissionais são o garante da qualidade dos serviços prestados à população”, salienta o presidente daquela estrutura, Manuel Teixeira Veríssimo, em comunicado enviado à agência Lusa.

O dirigente considera que as “Ordens profissionais poderão complementar-se em conjunto” para trazer “mais-valias para cada uma e, consequentemente, servir melhor a população”.

Constituída por 15 Ordens profissionais, a FoRCOP assumiu como objetivos para 2023 a realização de atividades direcionadas para os idosos e para a população escolar, “bem como realizar debates sobre a regulação das Ordens profissionais, o envelhecimento no século XXI, o ambiente e as alterações climáticas”.

​​​​​​​Já este ano, promoveu debates sobre os saberes, as competências e a ética no desenvolvimento da região Centro, arbitragem, mediação e peritagens, reflexos da Declaração de Bolonha e tratamento de resíduos sólidos perigosos.

Em discussão também já esteve a função social das profissões liberais, o ordenamento do território e qualidade de vida, envelhecimento ativo e saudável, além de promoção de espaços lúdicos e de atividade física e convívio com a população.

O FoRCOP é constituído pelas ordens dos Médicos, dos Psicólogos, dos Farmacêuticos, dos Advogados, dos Arquitetos, Câmara dos Solicitadores, Ordem dos Economistas, dos Enfermeiros, dos Engenheiros, dos Engenheiros Técnicos, dos Médicos Dentistas, dos Médicos Veterinários, dos Notários, dos Agentes de Execução e Ordem dos Revisores Oficiais de Contas.

​​​​​​​O Fórum tem desenvolvido a sua atividade desde 2003 “em prol do conhecimento técnico-científico, das necessidades das populações e em estreita articulação com a sociedade civil”.

LUSA/HN

Liga Portuguesa Contra o Cancro lança campanha “As minhas aventuras com o Sr. Escaldão”

Liga Portuguesa Contra o Cancro lança campanha “As minhas aventuras com o Sr. Escaldão”

Em comunicado, a LPCC esclarece hoje que “As minhas aventuras contra o Sr. Escaldão” é uma estratégia educativa que pretende dotar os/as professores/as do 1º ciclo com competências e recursos que lhes permitam abordar a temática da exposição solar segura com os seus alunos.

“Os materiais lúdicos e pedagógicos são fundamentais na formação dos mais novos. O jogo “As aventuras do Sr. Escaldão”, assim como os livros educativos, são um incentivo ao trabalho de equipa com o intuito de promover a informação e prevenção da exposição solar”, refere o presidente da LPCC, Francisco Cavaleiro de Ferreira.

Os materiais apresentam o Sr. Escaldão como personagem principal, enquanto vilão, que todas as crianças querem derrotar, porque personifica todas as agressões a que sujeitamos a nossa pele.

LUSA/HN

Programa de saúde mental nas escolas ultrapassa metas

Programa de saúde mental nas escolas ultrapassa metas

As sessões de grupo envolveram mais de 7.400 alunos do 7.º ano, mais de 6.700 do 8.º ano e mais de 5.800 do 9.º ano.

Até ao final de abril, segundo a Associação Empresários pela Inclusão (EPIS), o “Por ti – Programa de Promoção de Bem-estar Mental nas Escolas”, além dos quase 20.000 estudantes do 3.º ciclo, abrangeu mais de 1.900 professores e assistentes operacionais e mais de 500 famílias de mais de 100 escolas públicas de 59 concelhos.

A iniciativa decorre ao longo de quatro anos letivos, entre 2022 e 2026, com o objetivo de preparar melhor as pessoas através do “desenvolvimento de competências de regulação emocional que contribuam para estilos de vida mentalmente mais equilibrados”.

“No que toca aos jovens, 76% reconhecem que as sessões do “Por ti” aumentaram o seu conhecimento sobre o bem-estar mental, 75% consideram que fizeram aprendizagens importantes que vão ser úteis no seu dia a dia, 69% sentem-se capazes de aplicar o que aprenderam e 67% vão utilizar as estratégias de regulação de emoções que aprenderam”, lê-se num comunicado hoje divulgado.

A EPIS também sustenta que o programa teve um impacto positivo nos professores, assistentes operacionais e famílias.

Noventa e seis por cento dos inquiridos reconhecem que “as sessões aumentaram o seu conhecimento sobre o bem-estar mental, 95% consideram que fizeram aprendizagens importantes que vão ser úteis no seu dia a dia, 93% sentem-se capazes de aplicar o que aprenderam e 92% vão utilizar as estratégias de regulação de emoções que aprenderam”.

“É um sinal muito positivo que tivemos da parte das comunidades escolares nos primeiros meses de implementação, que revela potencial de crescimento e deve levar a EPIS e os seus parceiros a continuar a apostar neste projeto ao longo dos próximos anos”, adiantou a presidente a EPIS, Leonor Beleza, citada no comunicado.

Por seu turno, o membro do Conselho Executivo da Unidade de Psicologia Clínica Cognitivo-Comportamental (UPC³) da Universidade de Coimbra Daniel Rijo disse que o programa “tem evidenciado que tanto alunos quanto pais, professores e pessoal não docente, beneficiam de uma intervenção curta, mas informativa”.

“Com este programa estamos a levar a educação emocional às escolas, contribuindo para melhorar o bem-estar mental das comunidades escolares portuguesas”, sublinhou a presidente executiva (CEO) da Zurich em Portugal, Helene Westerlind.

Já o diretor da Z Zurich Foundation, da Gregory Renand, salientou que o “reconhecimento da necessidade de prevenção e promoção do bem-estar mental dos jovens pelas autoridades educativas portuguesas é vital para criar impacto da forma mais sustentável possível”.

O “Por ti” é financiado pela Z Zurich Foundation, gerido pela Zurich Portugal e Missão Azul, e implementado pela EPIS em parceria com a UPC³ da Universidade de Coimbra.

Em quatro anos, o programa irá envolver cerca de 45 alunos em duas fases, ambas iniciadas em setembro de 2022, sendo que a primeira prolonga-se até 2026 e a segunda até 2025.

“(…) Está também a ser desenvolvida investigação científica, com vista a avaliar o efetivo aumento do bem-estar mental – esta avaliação do impacto e eficácia do programa integra um projeto plurianual que analisará as alterações mais relevantes ao nível da aquisição de competências de regulação de emoções e aumento do bem-estar emocional e da qualidade de vida”, é acrescentado.

LUSA/HN

Famílias acusam escolas de falta de apoio a crianças com diabetes

Famílias acusam escolas de falta de apoio a crianças com diabetes

Isabel vive no interior, numa aldeia perto da Covilhã, Amélie junto ao mar, na zona de Bombarral. Não se conhecem, mas ambas vivenciaram experiências traumáticas nas escolas, que não souberam lidar com a doença dos seus filhos e mostraram pouca vontade de aprender.

Sofia tinha 4 anos quando lhe foi diagnosticada Diabetes Tipo 1. “Nesse dia, a enfermeira disse-nos: ‘Isto agora é um luto’”, recordou Amélie Roger, que na altura achou a palavra exagerada.

“Quando olhamos para trás, vemos que realmente tivemos de fazer o luto de toda uma infância normalizada, mais feliz e sem preocupações”, contou à Lusa esta mãe, a quem a filha “diz muitas vezes que gostava de ser como os outros, que odeia ter diabetes”.

Além do choque do diagnóstico e das novas rotinas, as respostas das três escolas por onde a menina já passou deixaram os pais ainda mais assustados.

“Quando dizia que a Sofia tinha diabetes respondiam-me: ‘Ai, eu isso não faço. Ai, não sou capaz. A Câmara tem de fazer alguma coisa. Não tenho obrigação de fazer isso’. Nós sabemos que são educadoras, não são enfermeiras, mas se fossem avisadas atempadamente se calhar tudo seria diferente”, explicou.

Foi Amélie quem deu formação no jardim-de-infância para que a menina pudesse ter ajuda, mas quando chegou ao 1.º ano disseram-lhe que a formação tinha de ser dada por um profissional de saúde, que só apareceu passados três meses.

Resultado: Entre setembro e novembro, Amélie saía do trabalho todos os dias para ir fazer os tratamentos da filha.

Os piores dias eram quando Sofia tinha Educação Física. A mãe ficava de vigia junto à escola até a aula terminar, com receio de que algo acontecesse e fosse preciso atuar rapidamente.

A situação mudou depois da formação dada pela enfermeira. “Havia imensa gente na formação, mas só uma pessoa aceitou tratá-la: O Sr. Ricardo”, que aprendeu a usar a máquina de medir a glicemia, a dar a injeção de insulina e a contar os hidratos de carbono de tudo o que a menina comia.

“Chegaram-me a dizer na escola que o Sr. Ricardo não tinha nada que fazer aquele trabalho, mas o que é que eu ia fazer? Deixar de trabalhar?”, questionou.

Foi a opção de Isabel Mendes. Mateus tinha sete anos quando lhe foi diagnosticada a doença. A equipa médica do Hospital da Covilhã foi à escola explicar os procedimentos, mas “ninguém estava disponível para o fazer”, recordou a mãe à Lusa.

Isabel percebeu a justificação da professora, que estava doente e não se sentia capaz, mas ainda não aceita a indiferença dos restantes funcionários.

Durante seis meses, fazia todos os dias dez viagens entre a sua casa e a escola para garantir o acompanhamento do filho, mas não conseguiu evitar que Mateus se sentisse diferente.

“Acredito que não fosse por mal, mas, na hora de tomar a insulina, diziam-lhe para se virar para a parede para os outros meninos não verem a seringa; quando havia bolos de aniversário diziam-lhe que não era para ele. São coisas simples, mas que o faziam sentir-se diferente”, lamentou a mãe.

O copo de água transbordou quando a escola organizou uma visita de estudo a Lisboa e o coordenador recusou que Isabel fosse na camioneta, por considerar que era pouco pedagógico. O menino não foi à viagem e nesse dia disse à mãe: “Preferia morrer a ter diabetes”.

Mateus começou a ser seguido por uma psicóloga. A família foi aconselhada a tirar o menino da escola, o que acabou por acontecer. Mudou de escola e a sua vida também mudou. Passou a ter mais apoio e atenção, mas as mazelas já lá estavam e, passados cinco anos, continua a ser acompanhado por uma pedopsiquiatra.

A presidente da Federação Portuguesa das Associações de Pessoas com Diabetes (FPAPD) disse à Lusa que muitos adolescentes têm consultas de psicologia após traumas de infância.

Apesar de os pais sentirem que a escola errou, há muito poucas denúncias, acrescentou a presidente da FPAPD. “O objetivo destes pais não é apresentarem queixas, é apenas serem ajudados. Até porque muitos temem que possa haver represálias para as crianças”, explicou Emiliana Querido.

Das mães com quem a Lusa falou, apenas Isabel tornou público o seu caso, mas não lhe chama queixa: “Fiz uma exposição ao Ministério da Educação em que o meu único pedido era que mais nenhuma mãe tivesse que passar pelo mesmo que eu passei”.

Todos os anos, a FPAPD recebe cerca de uma dezena de pedidos de ajuda no início do ano letivo e são quase sempre problemas no pré-escolar ou no 1.º ciclo, quando as crianças são menos autónomas.

A Lusa contactou o Ministério da Educação para saber quantas queixas recebeu nos últimos anos e qual o desfecho dos processos, mas não obteve qualquer resposta até ao momento.

Emiliana Querido acredita que os casos que chegam à federação são uma ínfima parte do que se passa, mas também reconhece o excelente trabalho de muitas escolas.

Entre as histórias de sucesso está de Alda, que nunca esqueceu o dia em que descobriu que o filho tinha diabetes.

O menino tinha 13 anos e o ano letivo estava a começar. Ficaram pouco mais de uma semana no hospital, o tempo para os pais aprenderem a lidar com a doença. “Quando avisei na escola que o Gonçalo era diabético, o diretor de turma chamou-nos e quis saber tudo. Depois deu formação aos restantes professores e funcionários”, contou a mãe do rapaz, agora com 23 anos.

“Nunca houve nenhum problema e sempre nos sentimos muito apoiados”, recordou Alda, reconhecendo o empenho das equipas da Escola Eugénio Santos, em Lisboa.

Emiliana Querido dá também o exemplo do Colégio Externato Imaculada Conceição, na Maia.

Quando o João chegou à turma de Rosa Ferreira, a professora primária fazia todos os procedimentos necessários, mas gradualmente foi ensinando o menino a ser independente.

“Quando havia algum problema dizia: Meninos, temos de parar a aula porque o João precisa de ajuda. Todos compreendiam. Eram quatro ou cinco minutos e retomávamos. Há muitos outros motivos durante o dia que nos fazem parar a aula”, contou a docente, explicando que o João podia fazer coisas que os outros alunos não podiam, mas todos percebiam e aceitavam.

O João está agora no 5.º ano, numa escola pública e, segundo Rosa Ferreira, que vai acompanhando à distância o que se passa, “está tudo a correr lindamente”: “Isto não é uma questão de ser um colégio ou uma escola pública. O importante são as pessoas que encontramos pela frente, como em tudo na vida”.

LUSA/HN