Coreia do Sul ameaça suspender licenças de médicos em greve há duas semanas

4 de Março 2024

O Governo da Coreia do Sul disse esta segunda-feira que irá suspender as licenças dos médicos internos que não regressarem ao trabalho após duas semanas de greve contra um aumento das vagas nas escolas médicas.

“A partir de hoje, o Governo irá tomar medidas legais”, disse o ministro adjunto da Saúde da Coreia do Sul, Park Min-soo, numa conferência de imprensa.

O executivo tinha dado aos estagiários até 29 de fevereiro para voltarem ao trabalho, mas o número de médicos internos que abandonou a greve foi mínimo, lamentou Park.

A lei da Coreia do Sul não permite aos médicos fazer greve, por serem considerados trabalhadores essenciais.

“Se violarem a ordem de regresso ao trabalho do Governo, uma suspensão de três meses é inevitável”, disse Park, acrescentando que serão realizadas inspeções a partir de hoje para determinar quem regressou ao trabalho.

Caso “se confirme a ausência de médicos”, estes serão notificados pelo Governo dos procedimentos de suspensão da licença profissional, acrescentou o ministro adjunto.

Além da suspensão da licença por um máximo de um ano, os estagiários poderão ter de pagar uma multa de cerca de 30 milhões de won (cerca de 21 mil euro).

Também hoje, a polícia da Coreia do Sul anunciou que chamou cinco atuais e antigos dirigentes da Associação Médica Coreana (KMA, na sigla em inglês), que representa cerca de 140 mil médicos sul-coreanos, para interrogatório, numa investigação sobre a greve.

Milhares de médicos participaram domingo, na capital sul-coreana Seul, numa manifestação convocada pela KMA.

Mais de 10 mil médicos estagiários (cerca de 80% do total no país) apresentaram a demissão e quase nove mil abandonaram efetivamente os empregos desde 20 de fevereiro.

A greve obrigou os principais hospitais da Coreia do Sul a adiar ou cancelar procedimentos não urgentes para garantir a resposta a casos de emergência.

As autoridades alargaram ao máximo o horário de consultas nos hospitais públicos, abriram ao público em geral as urgências dos 12 hospitais militares e deram aos enfermeiros proteção legal para realizarem alguns procedimentos normalmente reservados para médicos.

De acordo com sondagens, o plano que aumentaria as vagas nas escolas médicas em 65 por cento, ou mais duas mil pessoas por ano, a partir de 2025, tem um amplo apoio por parte da população da Coreia do Sul.

O Governo sul-coreano justifica esta medida como necessária para preparar o país para uma população cada vez mais idosa.

Cerca de 44% dos sul-coreanos terão mais de 65 anos em 2050, de acordo com projeções das autoridades.

O Governo calcula que faltarão 15 mil médicos para atender às necessidades do país até 2035 se nada for feito.

Mas os médicos opõem-se ao projeto por considerarem que a admissão de mais estudantes nas escolas médicas resultará numa queda no nível profissional dos futuros médicos e que a qualidade dos cuidados será prejudicada.

LUSA/HN

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