Tiago A. G. Fonseca Psicólogo Clínico

Afinal o COVID-19 não é transmissível através de objetos… e então?

05/27/2020

[xyz-ips snippet=”Excerpto”]

Afinal o COVID-19 não é transmissível através de objetos… e então?

27/05/2020 | Opinião

No passado dia 18 de Maio, a Organização Mundial de Saúde (OMS) relançou a discussão sobre o que sabemos, afinal, sobre o novo coronavírus e as suas características. É o esperado de uma organização de saúde mundial.

Quanto maior o desconhecido, mais tentamos saber, mais queremos descobrir. Atenuar a ansiedade, controlar o pânico. Mas… e quando existem respostas contraditórias? E porque não deveriam existir?

Desta vez, em novo relatório, a OMS afirma não existir relação entre a transmissão do COVID-19 e a sua presença em objetos, contrariando o estudo anterior, de há 2 meses, onde se afirmava que a presença do vírus em objetos seria fator de expansão da contaminação.

Na altura, as instruções – que se mantêm apesar das novas conclusões – seriam para que tudo fosse desinfetado o mais possível, tentando isolar esta forma de transmissão.

Hoje, parece não ser assim, mantendo, de igual forma, a importância da higienização das superfícies. Em conclusão, os detritos respiratórios, através da proximidade física, continuam a ser o fator essencial e primordial de transmissão do novo coronavírus.

Rapidamente, foram vários os que criticaram a OMS pela divulgação deste relatório, julgando a mudança da informação, culpando-a de criar confusão. Hum!? Como se pudesse a investigação científica ser linear e finita, sem novidade ou mudança. Pior, como se a quiséssemos dessa forma! Mas não é suposto que se investigue? Que se perceba melhor e se saiba cada vez mais?

À medida que a investigação científica decorre – e que não pare! – Há informação a ser divulgada sobre os seus resultados, podendo essas informações serem difíceis de aceitar e de processar. Esta dificuldade surge pelo resultado do impacto que a mesma tem em nós, se estamos à procura dela, se precisamos dela, se tínhamos alguma expectativa para ela. O que o nosso pensamento e experiência emocional nos diz sobre a informação que estamos a receber e o que ela significa para nós, na nossa vida, nas pessoas à nossa volta.
Claro está, o que queremos é saber tudo e tornar o desconhecido em conhecido. É uma tendência natural. Ter mais controlo quanto possível, baixando a perceção que temos do risco associado, diminuindo a ansiedade e, por isso, o nosso alerta – aliás, é o fundamento da ciência!

E este vírus trouxe-nos isto, este alerta constante de querer saber tudo e estar no controlo de tudo. Mas, se por um lado este comportamento e pensamento nos ajuda a diminuir a ansiedade ao acharmos estar preparados para o que aí vem, por outro este alerta constante, estando sempre conscientes para o que pode acontecer leva-nos a não conseguir desligar, transformando tudo em problemas muito grandes que o cansaço deste alerta nos trás, sendo mais difícil de aceitar.

Precisamos que a ciência descubra novas formas de podermos ter controlo sobre o que se passa à nossa volta, mas isso significa permitirmos que a investigação nos diga coisas novas, mas, também, coisas que já ouvimos ou coisas contraditórias. Todas elas são acrescentos ao que sabemos e devemos vê-las dessa forma. Novas formas de aumentar a perceção de controlo e de diminuição da perceção de risco.

Estarmos tranquilos, manter no nosso controlo o que podemos sem querer procurar no que não devemos, mantermos o nosso ambiente e as nossas pessoas em segurança e continuarmos o ótimo trabalho que temos feito, esperando que, a quem cabe essa função, investigue e solucione. Esta é a chave para todos sairmos disto o melhor possível. Aceitar.

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Sobrecarga pressiona saúde mental e organismo dos futebolistas

O calendário de jogos cada vez mais preenchido pressiona a saúde mental dos futebolistas de topo a nível mundial, nota uma especialista, mas também provoca alterações químicas no organismo, requerendo atenção redobrada e até alterações na nutrição.

Portugal tem101 médicos especializados em cuidados a idosos

Portugal conta com 101 médicos geriatras especializados em cuidados a idosos, segundo a Ordem dos Médicos, uma especialidade médica criada no país há dez anos mas cada vez com maior procura devido ao envelhecimento da população.

Mudanças de comportamento nos idosos podem indiciar patologias

Mudanças de comportamento em idosos, como isolar-se ou não querer comer, são sinais a que as famílias devem estar atentas porque podem indiciar patologias cujo desenvolvimento pode ser contrariado, alertam médicos geriatras.

MAIS LIDAS

Share This