Novo método determina presença de compostos nocivos em alimentos à base de cereais

26 de Junho 2020

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define os desreguladores endócrinos como substâncias ou misturas de substâncias que alteram as funções do sistema endócrino e, consequentemente, causam efeitos adversos para a saúde num organismo saudável.

Os investigadores do grupo “Química Analítica” da Universidade de Jaén (Espanha), em colaboração com investigadores da Universidade Abdelmalek Essaadi, de Marrocos, desenvolveram um método analítico para determinar a presença de desreguladores endócrinos em alimentos à base de cereais. Este trabalho decorre de uma das linhas de investigação desenvolvidas pelo grupo, relacionada com o desenvolvimento de metodologias analíticas para a determinação de contaminantes nos alimentos.

Evaristo Ballesteros, Professor de Química Física e principal responsável da investigação, salienta que “os desreguladores endócrinos, objeto deste estudo, são substâncias tóxicas que podem ser frequentemente encontradas nos alimentos, provenientes de diversas fontes, tais como a contaminação ambiental, resíduos de pesticidas em culturas cerealíferas e outros produtos alimentares”.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define os desreguladores endócrinos como substâncias ou misturas de substâncias que alteram as funções do sistema endócrino e, consequentemente, causam efeitos adversos para a saúde num organismo saudável.

“Alguns dos impactos mais significativos no ser humano são o seu efeito nocivo no sistema reprodutivo, a produção de alterações no desenvolvimento do sistema neurológico, o aparecimento de tumores em órgãos dependentes de hormonas, a produção de doenças metabólicas ou o aumento do risco de doenças cardiovasculares”, explica o investigador.

Neste contexto, o grupo de investigação centrou-se no desenvolvimento de um método sensível, seletivo e rigoroso, que permitiu a identificação simultânea de um total de 24 desreguladores endócrinos de seis famílias de grupos químicos (alquilfenóis, fenilfenóis, parabenos, bisfenol A, pesticidas organofosforados e triclosan) em alimentos fabricados a partir de cereais.

O método desenvolvido divide-se em duas fases: preparação da amostra e determinação dos desreguladores endócrinos. Ao longo da investigação, o método foi aplicado a diferentes tipos de alimentos feitos com cereais, tais como farinha de trigo, arroz, esparguete, tortellini de queijo, macarrão, flocos de milho, muesli de fruta crocante, biscoitos e vários tipos de pão. “Foram detetados níveis destes compostos químicos, muito inferiores aos limites máximos permitidos pela legislação”, avança o investigador.

Os resultados obtidos, recentemente publicados na revista científica “Analytical and Bioanalytical Chemistry”, mostram que o método analítico proposto pelo grupo de investigação é o mais sensível para determinar a presença de compostos químicos nocivos em alimentos feitos a partir de cereais.
Além disso, caracteriza-se pela sua elevada precisão e por ser amigo do ambiente, uma vez que a utilização de solventes orgânicos é significativamente reduzida.

O método, já validado, pode ser utilizado na indústria de produção de alimentos a partir de cereais para controlar eficazmente a presença de desreguladores endócrinos e garantir que, quando consumidos, estão isentos de compostos químicos nocivos para a saúde humana.

Mais informação em:
https://diariodigital.ujaen.es/investigacion/investigadores-de-la-uja-desarrollan-un-metodo-analitico-para-determinar-la-presencia

NR/HN/Adelaide Oliviera

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