Ferramenta eletrónica de apoio à decisão reduz o risco de sobremedicação

7 de Julho 2020

Cerca de 25% da população com mais de 65 anos é afetada pela chamada "polifarmácia", ou seja, toma regularmente pelo menos cinco medicamentos diferentes.

À medida que a população envelhece, aumenta a prevalência de doenças crónicas. Como resultado, são prescritos cada vez mais medicamentos. Cerca de 25% da população com mais de 65 anos é afetada pela chamada “polifarmácia”, ou seja, toma regularmente pelo menos cinco medicamentos diferentes. Isso conduz a um risco acrescido de interações medicamentosas e de eventos adversos dos medicamentos. O projeto internacional “PRIMA-e-DS”, financiado pela União Europeia (UE) e liderado por Andreas Sönnichsen, chefe do Departamento de Medicina Geral e Familiar (MGF) do Centro de Saúde Pública da MedUni Vienna, desenvolveu e testou uma ferramenta eletrónica, que serve de apoio à decisão para ajudar a prevenir a polifarmácia inadequada e perigosa, em cerca de 4.000 pacientes. A principal conclusão do estudo, que foi agora publicado no “British Medical Journal”: os medicamentos inadequados podem ser facilmente evitados sem qualquer prejuízo para os pacientes.

“PRIMA-eDS” significa “Polypharmacy : Reduction of Inappropriate Medication and Adverse drug events in older populations by electronic Decision Support”. Equipas de investigação de cinco países, nomeadamente da Finlândia, Reino Unido, Alemanha, Itália e Áustria, participaram no estudo financiado pela UE, juntamente com o Centro de Saúde Pública da MedUni Vienna e a “Paracelsus Private Medical University” de Salzburgo.

“Estudos anteriores mostraram que entre 5 a 10% de todas as admissões hospitalares de emergência de doentes idosos são atribuídas a medicamentos”, salienta Andreas Sönnichsen. “A revisão regular e meticulosa da medicação por um consultor ou médico de medicina geral e familiar é virtualmente impossível. Assim, estabelecemos o objetivo de desenvolver um simples instrumento eletrónico de apoio à decisão para os médicos de MGF que identifica os casos de polifarmácia perigosa e sugere a descontinuação ou substituição destes medicamentos”.

Esta ideia foi posta em prática nos últimos sete anos, no contexto do projecto “PRIMA-eDS”. A ferramenta alimenta-se de várias bases de dados farmacológicos e combina-os com dados individuais do paciente (diagnósticos, função renal, etc.). “A vantagem do computador é que, numa questão de segundos, pode mostrar todas as interações conhecidas, erros de dosagem e intolerâncias individuais, mesmo quando vários medicamentos estão a ser administrados simultaneamente. O importante é que a ferramenta seja alimentada com um conjunto completo de dados”.

Para o estudo clínico agora publicado no “British Medical Journal”, o programa eletrónico desenvolvido sob a direção de Sönnichsen foi testado num ensaio controlado aleatório, que incluiu cerca de 4.000 pacientes durante um período de dois anos. Sönnichsen resume-o da seguinte forma: “Demonstrámos que a ferramenta reduz o número de medicamentos prescritos numa média de aproximadamente 0,5 fármacos por paciente. Há também uma tendência para uma redução nas admissões hospitalares. No entanto, este resultado só é significativo se os médicos participantes seguiram exatamente o protocolo do estudo”.

O próximo passo será avaliar se a utilização deste instrumento traduz também uma diminuição de custos.

ver artigo original Aqui

NR/HN/Adelaide Oliveira

 

 

 

 

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