Consumo de álcool pode aumentar o risco de hipertensão sistémica

1 de Outubro 2021

O consumo de álcool – mesmo que seja só uma ou duas bebidas por dia - está associado a um risco elevado de hipertensão sistémica de graus 1 e 2, de acordo com novos dados publicados no “American Journal of Cardiology”.

O consumo de álcool – mesmo que seja só uma ou duas bebidas por dia – está associado a um risco elevado de hipertensão sistémica de graus 1 e 2, de acordo com novos dados publicados no “American Journal of Cardiology”.

Os investigadores analisaram a relação entre o consumo de álcool e os níveis de pressão arterial (PA) com base nas diretrizes sobre hipertensão do “American College of Cardiology/American Heart Association” de 2017, examinando os dados do “Third National Health and Nutrition Examination Survey” (NHANES).

O grupo estudou 17.059 participantes no total; 53% eram mulheres. A idade média dos doentes era de 46 anos.

Os participantes foram inquiridos sobre os níveis do seu consumo de álcool. Além disso, a pressão arterial foi medida durante uma entrevista em sua casa e numa visita a uma unidade móvel.

Em comparação com os que nunca beberam, os pacientes que bebiam moderadamente (7 a 13 bebidas por semana) corriam um risco acrescido de hipertensão (graus 1 e 2)

Por outro lado, os pacientes que bebiam muito (mais de 14 bebidas por semana) tinham mais probabilidades de ter pressão sistólica e diastólica elevadas, níveis de lipoproteína de alta densidade maiores e níveis mais baixos de atividade física. Enfrentavam também um risco ainda mais elevado de hipertensão sistémica de graus 1 e 2.

Estes pacientes eram na sua maioria jovens, do sexo masculino e  fumadores.

“Uma descoberta importante do nosso estudo foi que a idade era um modificador do efeito da associação entre o álcool e a hipertensão sistémica”, referiu o autor principal  do estudo, Amer I. Aladin, da Georgetown University/Washington Hospital Center. “Numa análise estratificada por idades, descobrimos que entre aqueles que consumiam 7 a 13 bebidas/semana e ≥14 bebidas/semana, a idade inferior a 65 anos foi significativamente associada a maiores probabilidades de ter hipertensão sistémica de graus 1 e 2. Não houve associação entre o consumo de álcool e hipertensão sistémica nos participantes com 65 ou mais anos”.

Na análise, os homens tinham uma maior frequência de hipertensão sistémica de grau 2 associada ao consumo moderado, em comparação com as mulheres que tinham uma maior prevalência de hipertensão sistémica de grau 1 com consumo moderado.

Centrando-se nas diferenças dos pacientes por raça, observou-se uma forte ligação entre o consumo elevado de álcool e hipertensão de graus 1 e 2 entre os participantes brancos e negros. Contudo, os participantes negros foram o único grupo que teve uma maior ocorrência de hipertensão arterial de graus 1 e 2 com um consumo moderado de álcool.

Aladin et al. enfatizaram que estas descobertas têm “implicações-chave para a saúde pública” que devem ser exploradas em detalhe.

“O consumo baixo a moderado de álcool tem demonstrado consistentemente estar associado a um risco reduzido de doenças cardiovasculares e mortalidade”, referiram. “Contudo, um estudo recente que envolveu quase 600.000 indivíduos revelou que mais de uma bebida por dia estava associada a um aumento da mortalidade por todas as causas. Assim, o efeito protetor do consumo “baixo” a “moderado” de álcool precisa de ser revisto cuidadosamente”.

Mais informação em:

https://www.ajconline.org/article/S0002-9149(21)00818-3/fulltext

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Projeto IDE: Inclusão e Capacitação na Gestão da Diabetes Tipo 1 nas Escolas

A Dra. Ilka Rosa, Médica da Unidade de Saúde Pública do Baixo Vouga, apresentou o “Projeto IDE – Projeto de Inclusão da Diabetes tipo 1 na Escola” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa visa melhorar a integração e o acompanhamento de crianças e jovens com diabetes tipo 1 no ambiente escolar, através de formação e articulação entre profissionais de saúde, comunidade educativa e famílias

Percursos Assistenciais Integrados: Uma Revolução na Saúde do Litoral Alentejano

A Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano implementou um inovador projeto de percursos assistenciais integrados, visando melhorar o acompanhamento de doentes crónicos. Com recurso a tecnologia digital e equipas dedicadas, o projeto já demonstrou resultados significativos na redução de episódios de urgência e na melhoria da qualidade de vida dos utentes

Projeto Luzia: Revolucionando o Acesso à Oftalmologia nos Cuidados de Saúde Primários

O Dr. Sérgio Azevedo, Diretor do Serviço de Oftalmologia da ULS do Alto Minho, apresentou o projeto “Luzia” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa inovadora visa melhorar o acesso aos cuidados oftalmológicos, levando consultas especializadas aos centros de saúde e reduzindo significativamente as deslocações dos pacientes aos hospitais.

Inovação na Saúde: Centro de Controlo de Infeções na Região Norte Reduz Taxa de MRSA em 35%

O Eng. Lucas Ribeiro, Consultor/Gestor de Projetos na Administração Regional de Saúde do Norte, apresentou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde os resultados do projeto “Centro de Controlo de Infeção Associado a Cuidados de Saúde na Região Norte”. A iniciativa, que durou 24 meses, conseguiu reduzir significativamente a taxa de MRSA e melhorar a vigilância epidemiológica na região

Gestão Sustentável de Resíduos Hospitalares: A Revolução Verde no Bloco Operatório

A enfermeira Daniela Simão, do Hospital de Pulido Valente, da ULS de Santa Maria, em Lisboa, desenvolveu um projeto inovador de gestão de resíduos hospitalares no bloco operatório, visando reduzir o impacto ambiental e económico. A iniciativa, que já demonstra resultados significativos, foi apresentada na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde, promovida pela Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar

Ana Escoval: “Boas práticas e inovação lideram transformação do SNS”

Em entrevista exclusiva ao Healthnews, Ana Escoval, da Direção da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar, destaca o papel do 10º Congresso Internacional dos Hospitais e do Prémio de Boas Práticas em Saúde na transformação do SNS. O evento promove a partilha de práticas inovadoras, abordando desafios como a gestão de talento, cooperação público-privada e sustentabilidade no setor da saúde.

Reformas na Saúde Pública: Desafios e Oportunidades Pós-Pandemia

O Professor André Peralta, Subdiretor Geral da Saúde, discursou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde sobre as reformas necessárias na saúde pública portuguesa e europeia após a pandemia de COVID-19. Destacou a importância de aproveitar o momento pós-crise para implementar mudanças graduais, a necessidade de alinhamento com as reformas europeias e os desafios enfrentados pela Direção-Geral da Saúde.

Via Verde para Necessidades de Saúde Especiais: Inovação na Saúde Escolar

Um dos projetos apresentado hoje a concurso na 17ª Edição do Prémio Boas Práticas em Saúde, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar, foi o projeto Via Verde – Necessidades de Saúde Especiais (VVNSE), desenvolvido por Sérgio Sousa, Gestor Local do Programa de Saúde Escolar da ULS de Matosinhos e que surge como uma resposta inovadora aos desafios enfrentados na gestão e acompanhamento de alunos com necessidades de saúde especiais (NSE) no contexto escolar

Projeto Utente 360”: Revolução Digital na Saúde da Madeira

O Dr. Tiago Silva, Responsável da Unidade de Sistemas de Informação e Ciência de Dados do SESARAM, apresentou o inovador Projeto Utente 360” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas , uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar (APDH). Uma ideia revolucionária que visa integrar e otimizar a gestão de informações de saúde na Região Autónoma da Madeira, promovendo uma assistência médica mais eficiente e personalizada

MAIS LIDAS

Share This