Coexistência de hipertensão e fígado gordo não potencia risco de morte

6 de Outubro 2021

O efeito combinado da hipertensão arterial e da doença hepática gordurosa na mortalidade não parece exceder os seus efeitos separados, de acordo com um estudo de follow-up de 34 anos realizado na Universidade da Finlândia Oriental. Os resultados foram publicados no “Scandinavian Journal of Gastroenterology” e discutidos nas Sessões Científicas de Hipertensão 2021 da “American Heart Association”, realizadas em setembro.

O efeito combinado da hipertensão arterial e da doença hepática gordurosa na mortalidade não parece exceder os seus efeitos separados, de acordo com um estudo de follow-up de 34 anos realizado na Universidade da Finlândia Oriental. Os resultados foram publicados no “Scandinavian Journal of Gastroenterology” e discutidos nas Sessões Científicas de Hipertensão 2021 da “American Heart Association”, realizadas em setembro.

O estabelecimento de fatores de risco para as doenças cardiovasculares moldou a prática clínica ao longo do século passado. A hipertensão arterial é o fator de risco mais comum das doenças cardiovasculares. Afeta mais de mil milhões de pessoas a nível mundial, contribuindo para 18 milhões de mortes cardiovasculares anualmente. 

A acumulação patológica de lípidos no fígado, conhecida como doença hepática gordurosa, é outro fator de risco das doenças cardiovasculares. Embora seja menos conhecida pelo público, a doença hepática gordurosa é muito comum. Estima-se que afete um quarto da população mundial.

Os fatores de risco cardiovasculares individuais têm sido amplamente estudados. No entanto, as investigações sobre os seus efeitos combinados e as interações dos fatores de risco entre si na saúde é muito menos comum. De facto, o estudo da Universidade da Finlância Oriental é o primeiro a avaliar o efeito da coexistência da hipertensão arterial e da doença hepática gordurosa na mortalidade.

A coorte de estudos de base populacional envolveu 1.569 homens finlandeses de meia-idade que participaram no “Kuopio Ischaemic Disease Risk Factor Study”. Os efeitos separados e combinados de diferentes graus da doença hepática gordurosa e da hipertensão arterial sobre a mortalidade geral e cardiovascular foram avaliados durante 34 anos. 

Enquanto a doença hepática gordurosa e a hipertensão estão associadas, separadamente e combinadas, a um risco substancial por todas as causas e à mortalidade cardiovascular, a coexistência das duas condições associadas apresenta um risco global semelhante ou até menor de mortalidade.

Se dois fatores interagirem entre si, o efeito da sua coexistência será maior ou menor do que a soma de seus efeitos individuais. Neste estudo, os investigadores encontraram evidências de uma interação negativa entre a doença hepática gordurosa e a hipertensão sobre a morte cardiovascular numa população de homens finlandeses.

“Isso significa que, embora tanto o fígado gorduroso como a hipertensão contribuam para a mortalidade cardiovascular, quando coexistem, eles podem bloquear o efeito do outro até certo ponto”, referiu o autor principal do artigo, Mounir Ould Setti, médico e investigador da Universidade da Finlândia

NR/HN/Adelaide Oliveira

Mais informação em:

Mounir Ould Setti, Ari Voutilainen, Behnam Tajik, Leo Niskanen & Tomi-Pekka Tuomainen (2021) Negative interaction of fatty liver and hypertension on cardiovascular mortality in non-diabetic men: 34 years of follow-up, Scandinavian Journal of Gastroenterology, 56:9, 1096-1102. https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/00365521.2021.1951836

 

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