A experiência pessoal com o cancro da mama é a base para o espetáculo “Sarar”, da autoria de Sara Goulart, que se estreia hoje, em Faro, e passa por Lisboa a 30 de outubro.
“Sarar” não é um jogo de palavras com o nome da autora, mas antes o reflexo do espetáculo que se debruça sobre o “processo de tratar, de curar e da partilha desse processo”, revelou a própria à agência Lusa.
“Espero que as pessoas possam encontrar no espetáculo algumas referências daquilo que também vivem, porque têm uma doença igual, semelhante ou porque conhecem alguém que passou pela doença ou que, por outra razão qualquer, possam viver alguma situação de vulnerabilidade ou fragilidade física”, avançou.
Segundo a autora, houve uma preocupação em não criar um espetáculo “pesado”, mas sim dar-lhe uma certa “naturalidade” que lhe permitisse falar da sua experiência pessoal interligada com uma intervenção artística em palco e ser algo “interessante mas leve para quem vê”.
Em palco, Sara Goulart lê o texto da sua autoria e manipula imagens, às quais junta um “trabalho coreográfico do corpo” e uma cenografia “muito forte” complementada com um desenho sonoro e luz, destacou.
Assumindo não ser uma intérprete “formada”, admite que o formato “híbrido” – ‘conferência-performance’ – lhe permite partilhar o relato pessoal e cruzá-lo com elementos artísticos visuais e sonoros.
“Sarar” nasceu por “sugestão de amigos e familiares” para que partilhasse a sua experiência, algo que confidenciou só ter sentido a necessidade de fazer na “fase de rescaldo”
“O espetáculo fala da doença, dos tratamentos, do corpo, do medo, mas também da festa”, realçou.
Sara revelou que teve intenção de apresentar este espetáculo em outubro, mês dedicado à prevenção do cancro da mama, e optou pela estreia em Faro por ser a sua cidade.
Na capital algarvia, relatou, é onde tem a sua “rede de afetos”, que está “profundamente ligada” com o processo de sarar.
Sara Goulart nasceu em Tavira, em 1977, estudou Literatura, Estudos sobre mulheres e Guionismo para cinema. É produtora, mediadora cultural, ativista. escritora, curadora.
“Sarar” é a sua primeira criação artística própria, que conta com as interpretações e colaborações de Ana Rita Teodoro, Fernando Ramalho, Luísa Homem e Zé Rui.
O espetáculo apresenta-se hoje e no sábado em Faro, às 21:30, no Centro de Artes Performativas do Algarve (CAPA) e, no dia 30, sobe ao palco do Teatro do Bairro Alto, em Lisboa, às 17:00, onde haverá também tradução em língua gestual portuguesa.
NR/HN/LUSA
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