“Encontramo-nos hoje num momento difícil na vida de todos os cidadãos, que estão exaustos após quase dois anos de luta contra a pandemia da covid-19 e inquietos com o atraso acumulado na resposta às demais doenças”, afirmou a bastonária do Ordem dos Farmacêuticos, Ana Paula Martins, no final da conferência da Convenção Nacional de Saúde, que foi encerrada pelo Presidente da República.
A também vice-presidente da Convenção Nacional de Saúde sublinhou a preocupação dos portugueses com a ausência de “uma estratégia robusta e coerente que permita enfrentar os problemas e os défices crónicos do sistema de saúde”.
Dirigindo-se a Marcelo Rebelo de Sousa, Ana Paula Martins afirmou que hoje já não é possível ignorar a dimensão desta realidade que a Covid-19 em “muito acentuou”.
“Milhões de consultas, exames e tratamentos ficaram por fazer, agravando de forma substancial a saúde dos portugueses, o bem-estar da população”, salientou.
Por outro lado, o confinamento, o isolamento, a redução dos contactos sociais tiveram também como consequência o aumento dos problemas de saúde mental, ao que acrescem as sequelas físicas de longo prazo provocadas pela Covid-19 em milhares de doentes recuperados.
“Já não falamos só de listas de esperas maiores ou menores como no período pré-covid. Agora falamos de uma avalanche de casos de cancro por diagnosticar que nos chegam ou chegarão em fases avançadas com o sofrimento humano e ético que isto acarreta”, disse a bastonária.
Defendeu ainda que não se pode desistir das pessoas que confiam nos profissionais e que “pacientemente aguardam soluções”.
“Não podemos conformar-nos, nem esperar que estas pessoas, que a maior parte das vezes não têm voz, possam ser consideradas as novas vítimas da pandemia. Estão vivas e temos de cuidar delas, porque se assim não for serão esquecidos e eliminados pelo tempo e com o tempo. Não se pode aceitar que por inércia seja condenada tanta gente quando ao mesmo tempo se avança como nação através do Programa de Recuperação e Resiliência, que investe hoje para salvar a economia do amanhã”, afirmou Ana Paula Martins.
“O PRR começa aqui na Saúde trazendo connosco a determinação de não deixar ninguém para trás, investindo o que for preciso, dando o nosso melhor”, mas não dependendo apenas dele, adiantou, considerando urgente “um plano rigoroso” que permita conhecer “com exatidão os atrasos, as carências, os défices materiais e organizacionais do sistema, a falta de capital humano de forma a traçar um plano de ação claro, objetivo, realista, visando a recuperação imediata da assistência aos portugueses e a criação de condições que permitam enfrentar com tranquilidade os desafio futuros do setor da saúde”.
LUSA/HN
0 Comments