Cuidados integrados reduzem custos no tratamento de pessoas com VIH, diabetes e hipertensão

29 de Outubro 2021

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A integração de cuidados de saúde das pessoas que vivem com VIH, diabetes e hipertensão numa “clínica one-stop” pode reduzir os custos para os doentes e para os serviços de saúde.

O peso das doenças não transmissíveis aumentou rapidamente em África. Estas doenças afetam tipicamente populações mais jovens do que nos países desenvolvidos. A diabetes e a hipertensão são responsáveis por cerca de dois milhões de mortes por ano naquele continente. A África regista também uma elevada  carga de infeção por VIH. 

Os resultados dos programas VIH de alta qualidade são impressionantes, com mais de 60% das pessoas a viver com a infeção VIH na África Oriental e Austral e a receberem cuidados de saúde regulares. Em comparação, os cuidados de saúde para diabetes e hipertensão, frequentemente organizados separadamente, são fragmentados. Só cerca de 10 a 20% dos doentes recebem tratamento.

Num artigo publicado na “BMC Medicine”, liderado pelo Prof. Louis Niessen, da “Liverpool School of Tropical Medicine” (LSTM) e apoiado por equipas multidisciplinares na Tanzânia, Uganda e Reino Unido, o consórcio RESPOND-Africa relata o impacto socioeconómico da instalação de 10 novas clínicas de cuidados de saúde integrados no Uganda e na Tanzânia e o benefício potencial de tratar pacientes com VIH, diabetes ou hipertensão na mesma clínica.

Josephine Birungi, cientista investigadora sénior do MRC/UVRI e da Unidade de Investigação do LSHTM Uganda, afirmou: “Antes de integrar os cuidados de saúde para as três doenças, um paciente com dois ou mais destes problemas de saúde costumava frequentar duas clínicas separadas, em dias diferentes da semana, com duplicação de alguns exames laboratoriais”. 

Sayoki Mfinanga, professor honorário da LSTM e investigador chefe do Instituto Nacional de Investigação Médica, Tanzânia, referiu que “após um ano de funcionamento das clínicas integradas, verificou-se que a integração dos serviços de HIV, diabetes e controlo da hipertensão, reduz os custos dos serviços de saúde e dos pacientes. Registou-se uma diminuição de 22% dos custos dos serviços em todos os pacientes com mais do que uma doença, e os custos de saúde para os agregados familiares dos pacientes situaram-se, em média, em 12% do rendimento mensal dos agregados familiares. Por conseguinte, este estudo inicial, exploratório e não randomizado, sugere que os cuidados integrados destas condições crónicas de saúde são provavelmente uma forma eficiente e equitativa de lidar com o fardo crescente para os grupos de doentes financeiramente vulneráveis”

O professor Andrew Swai, presidente da “Tanzania NCD Alliance”, afirmou: “este estudo destaca os elevados custos económicos para os doentes, especialmente aqueles que têm diabetes e hipertensão, que não têm acesso a medicamentos gratuitos.  É necessária mais investigação para orientar a política e a prática na melhoria da oferta de medicamentos para estas doenças crónicas”.

Mais informação: Shiri, T., Birungi, J., Garrib, A.V.et al.Patient and health provider costs of integrated HIV, diabetes and hypertension ambulatory health services in low-income settings — an empirical socio-economic cohort study in Tanzania and Uganda.BMC Med19,230 (2021).https://doi.org/10.1186/s12916-021-02094-2

 

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