“As necessidades de assistência alimentar humanitária provavelmente permanecerão altas, pelo menos até à colheita, em maio de 2022”, refere o mais recente sumário da Rede de Alerta Antecipado de Fome (rede Fews, sigla inglesa), que apoia as ações de agências governamentais e humanitárias.
O Programa Alimentar Mundial (PAM) prevê que “mais de 930 mil deslocados internos e famílias anfitriãs em Cabo Delgado, Niassa e Nampula provavelmente necessitarão de assistência alimentar humanitária” até àquela altura, refere.
No entanto, devido a recursos limitados, “o PAM planeia continuar a fornecer rações semestrais equivalentes a 39% das quilocalorias diárias”, ou seja, dar menos de cada vez para a ajuda durar mais tempo.
O subfinanciamento das organizações humanitárias tem sido repetidamente reportado a partir de Cabo Delgado.
Ao mesmo tempo, há relatos de deslocados a regressar às zonas de origem para tentarem retomar as suas atividades, após intervenções militares terem dominado a insurgência desde julho.
Mesmo assim, de acordo com o relatório, espera-se que a maioria das famílias permaneça em áreas livres de conflito, pelo menos, durante a próxima época chuvosa e ciclónica – que vai até abril.
A situação em Cabo Delgado é a que mais preocupa na previsão de segurança alimentar para o país nos próximos meses, com o resto das regiões a enfrentar riscos mínimos, que, no entanto, podem ser ameaçados nalgumas zonas ribeirinhas pelos habituais riscos de inundações até abril.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.
Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.
LUSA/HN
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