Em comunicado, a Anvisa detalhou que recebeu duas ameaças, incluindo de morte, na semana passada, através de “correspondência eletrónica”, provenientes de autores “aparentemente” diferentes, com intimidações a funcionários, diretores e seus familiares, “caso vacinas contra a Covid-19 para crianças venham a ser aprovadas”.
“Recado a todos da Anvisa, não aprovem vacinas para menores de 12 anos ou o ‘bicho’ vai pegar [vai haver consequência]. Isso não é uma ameaça, é uma promessa!”, escreveu um dos autores, num texto a que o portal de notícias G1 teve acesso.
“A resposta será fogo e fúria, não irá escapar ninguém, nem seus filhos, nem seus netos”, acrescenta o texto.
Na sequência das ameaças, o órgão regulador sanitário do Brasil acionou autoridades federais, como a Presidências da República, Congresso, Supremo Tribunal Federal, Procuradoria-Geral da República, Ministérios da Justiça, da Saúde e da Casa Civil e Polícia Federal.
“Em meio a essas ameaças ao Estado brasileiro, a Anvisa, que detém o poder de polícia desse mesmo Estado no campo da vigilância sanitária, segue com a sua missão institucional de proteger a saúde do cidadão de maneira ampla e se mantém na vanguarda do combate à Covid-19 em nosso país”, concluiu a Agência em comunicado.
A agência, a quem cabe ou não aprovar os imunizantes no país, tornou-se alvo de ataques após a farmacêutica Pfizer anunciar que entrará este mês com um pedido de uso do antídoto para crianças no Brasil.
Na noite de quarta-feira, a Comissão de Ética da Anvisa divulgou uma nota de repúdio face às ameaças direcionadas aos funcionários do órgão.
“A Comissão de Ética da Anvisa (CEAnvisa) torna público o seu repúdio a este ato de profundo desrespeito à saúde da população brasileira. Tais ameaças denotam o total desconhecimento da dignidade de um órgão que serve ao país com excelência, pautado no desenvolvimento ético de suas atribuições, voltadas ao compromisso de proteger e promover a saúde do cidadão”, indicou a comissão.
“A CEAnvisa reitera que colocar em risco a vida de diretores da agência e de todos os seus demais agentes públicos significa ter desapreço pela saúde e pela vida de todos os brasileiros, e este facto não pode ser admitido”, acrescentou.
Com mais de 608 mil mortes e 21,8 milhões de infetados pelo Covid-19, o Brasil é, em números absolutos, um dos três países mais afetados pela pandemia no mundo, juntamente com os Estados Unidos e com a Índia.
A Covid-19 provocou pelo menos 5.012.784 mortes em todo o mundo, entre mais de 247,54 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
LUSA/HN
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