Federação Portuguesa para a Deficiência Mental assinala 20 anos com seminário

9 de Dezembro 2021

A Federação Portuguesa para a Deficiência Mental (Humanitas), que representa cerca de sete mil pessoas apoiadas por 40 instituições, assinala na sexta-feira 20 anos com um seminário e um pedido ao Governo para que ouça quem está no terreno.

“Uma das coisas que eu penso que é importante é que, cada vez mais, o Governo ouça as pessoas que estão no terreno e que representam esta população, em todos os setores, tanto no setor social, como no setor de educação, como no setor da saúde”, afirmou à agência Lusa a presidente da Humanitas, Helena Albuquerque.

Para a presidente da Federação, é muito importante que “as pessoas desçam ao terreno”, pois, “se há pessoas que já o fazem, há outras que estão muito distantes”.

“E, depois, a prenda que eu queria também pedir é que sejam sensíveis a este apelo que a Humanitas faz de ser possível criar, realmente, espaços locais e temporais aonde estas questões específicas da deficiência intelectual sejam analisadas e discutidas”, disse.

Sobre os primeiros 20 anos da Federação, que reúne instituições particulares de solidariedade social que desenvolvem a sua ação no âmbito da habilitação e integração das pessoas com deficiência intelectual, a dirigente reconheceu que “o caminho tem sido árduo, difícil”, mas “muito proveitoso”.

Quanto à maior conquista destas décadas para as pessoas com deficiência intelectual, a presidente da Humanitas recua ao passado.

“Temos três ‘ondas’ muito importantes no século XX. A primeira, que é uma onda de institucionalização. Os pais e as mães eram aconselhados a institucionalizar as crianças, em que eram os profissionais que decidiam por elas”, explicou Helena Albuquerque.

Seguiu-se “uma segunda onda em meados do século XX, que são os pais que começam a decidir pelas pessoas com deficiência intelectual e, depois, dado este trajeto, começa a dar-se – e essa foi a grande conquista – a mudança do paradigma”.

“Neste momento, são as pessoas com deficiência que têm de decidir sobre as suas vidas. Isto foi a grande evolução até hoje”, considerou, acrescentando que, “cada vez mais, as organizações funcionam como espaços de inclusão, mas em que são as pessoas com deficiência que traçam os seus caminhos, que projetam os seus sonhos, que fazer sentir os seus quereres e os seus sentidos”.

Para os próximos 20 anos, a presidente da Humanitas expressa um desejo: “Que apoiassem as organizações, para que elas sejam, realmente, fatores de inclusão”.

“Eu penso que as organizações têm de se reinventar – e já estão a fazê-lo – de forma que este paradigma da decisão e do empoderamento e da autodeterminação de cada pessoa com deficiência seja uma realidade”, adiantou.

O ‘webinar’, transmitido via Zoom, começa às 09:30 de sexta-feira, data em que se assinala o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Tem como tema “Contributos e desafios para uma sociedade inclusiva” e pretende debater duas vertentes, “a componente técnica e a de impacto social”, por vários setores da sociedade.

Conta, entre outros oradores, com o ex-ministro da Justiça Laborinho Lúcio e a presidente do Observatório Deficiência e Direitos Humanos, Paula Campos Pinto.

Os bastonários das ordens dos Engenheiros, Médicos e Economistas, e representantes das ordens dos Arquitetos, dos Advogados e dos Psicólogos, e da Associação Portuguesa de Sociologia estão igualmente entre os oradores.

Estão, igualmente, previstas comunicações sobre projetos na área da deficiência, como o Centro de Recursos para a Inclusão Digital e o H2 – Humanizar o Hospital.

A Federação Portuguesa para a Deficiência Mental foi fundada em setembro de 2001 e tem sede em Lisboa.

LUSA/HN

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