Risco de aumento exponencial de hospitalizações é “muito pequeno”

23 de Dezembro 2021

O virologista Pedro Simas afirmou na quarta-feira que o risco de haver um aumento exponencial de hospitalizações e mortes por Covid-19 “é muito pequeno” dada a elevada cobertura vacinal, lamentando a “enorme especulação” sobre o que está a acontecer.

“Em Portugal, com 89% da vacinação completa e mais de 80% de terceiras doses nos mais de 70 anos, mesmo que haja um aumento exponencial de infeções” com a Ómicron, o risco de aumentar “as hospitalizações, a doença severa e mortes é muito pequeno porque é inequívoco que as vacinas funcionam”, disse à agência Lusa o investigador do Instituto Molecular da Universidade de Lisboa.

Para o virologista, “há uma enorme especulação do que se está a passar: isso está a ser transmitido e eu sinto isso porque estou em contacto com muita gente e a sociedade portuguesa está a entrar num processo de alarme e, portanto, eu acho que é importante explicar às pessoas o que é que está a acontecer”.

“É preciso explicar que Portugal está numa posição única” e que “há sinais muito encorajadores” em relação à variante Ómicron.

Questionado sobre a preocupação das pessoas relacionadas com a efetividade da vacina, Pedro Simas explicou que há dois tipos de imunidade, a que protege contra a infeção e a que protege contra a doença grave.

“A imunidade que protege contra a doença grave é muito duradoura muito robusta e muito eficiente e, portanto, as pessoas estão protegidas”, assegurou, sublinhando que “a pessoa que tem a vacinação completa não tem de se sentir desprotegida mesmo que apanhe a infeção”.

Destacou ainda que os dados que estão a vir da África do Sul, onde a Ómicron começou a circular, são “muito encorajadores”, indicando que há cinco dias que está em decréscimo.

A sua maior contagiosidade “não se reflete necessariamente num crescimento exponencial alarmante no número total de infeções, porque há vacinação”, disse, adiantando que já há investigação que aponta que a Ómicron é mais contagiosa do que a Delta porque tem maior capacidade de replicação na nasofaringe e não tanto no pulmão.

“Eu sei que é cedo e que todos os dias contam, mas os dados que estão a sair da África do Sul são muito encorajadores e, portanto, tendo a população 90% vacinada, tendo as terceiras doses a proteger os grupos de risco que aumenta ainda mais essa proteção, tanto em doença severa como em infeção, não temos de estar com motivos de preocupação e de alarme”, reiterou.

Recordou que as vacinas foram desenvolvidas para proteger contra a doença severa, adiantando que “nunca foram muito eficientes a proteger contra a infeção, um bocadinho mais de 50%”.

“Uma só dose da vacina já protegia, a vacinação completa protege muito e a terceira dose aumenta ainda essa proteção em relação à Ómicron, ou seja, a ênfase tem de estar na percentagem de pessoas vacinadas”, vincou.

Para o virologista, a situação criada há um ano não irá repetir-se: “Eu acredito nas vacinas, acredito na ciência e não consigo vislumbrar os cenários que estão a ser projetados em relação à Ómicron” num país com esta elevada taxa de vacinação.

Há um ano, a situação era diferente, apenas 3% da população estava vacinada e só se conseguia proteger os mais vulneráveis com medidas não farmacológicas.

Para Pedro Simas, o foco deve ser vacinar com a terceira dose os maiores de 70 anos que ainda não estão protegidos.

“Temos mais de 80% de cobertura, mas temos que chegar aos 100%”, salientou, apelando também ao uso de máscara, à testagem e ao distanciamento físico.

Disse ainda concordar que, nesta fase, em que há “muita incerteza nas pessoas e na sociedade” que se repita o processo de vacinação original, até haver “dados completamente inequívocos que a Ómicron, em princípio, não vai ser um problema”.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Psicólogos escolhem hoje novo bastonário

Mais de 21 mil psicólogos elegem hoje um novo bastonário, numas eleições que contam com três candidatos ao cargo desempenhado desde dezembro de 2016 por Francisco Miranda Rodrigues, que não concorre a um novo mandato.

Novos diagnósticos de VIH aumentam quase 12% na UE/EEE em 2023

 A taxa de novos diagnósticos de pessoas infetadas pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) cresceu 11,8% de 2022 para 2023 na União Europeia/Espaço Económico Europeu, que inclui a Noruega, a Islândia e o Liechtenstein, indica um relatório divulgado hoje.

Idade da reforma sobe para 66 anos e nove meses em 2026

A idade da reforma deverá subir para os 66 anos e nove meses em 2026, um aumento de dois meses face ao valor que será praticado em 2025, segundo os cálculos com base nos dados provisórios divulgados hoje pelo INE.

Revolução no Diagnóstico e Tratamento da Apneia do Sono em Portugal

A Dra. Paula Gonçalves Pinto, da Unidade Local de Saúde de Santa Maria, concorreu à 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar (APDH), com um projeto inovador para o diagnóstico e tratamento da Síndrome de Apneia Hipopneia do Sono (SAHS). O projeto “Innobics-SAHS” visa revolucionar a abordagem atual, reduzindo significativamente as listas de espera e melhorando a eficiência do processo através da integração de cuidados de saúde primários e hospitalares, suportada por uma plataforma digital. Esta iniciativa promete não só melhorar a qualidade de vida dos doentes, mas também otimizar os recursos do sistema de saúde

Projeto IDE: Inclusão e Capacitação na Gestão da Diabetes Tipo 1 nas Escolas

A Dra. Ilka Rosa, Médica da Unidade de Saúde Pública do Baixo Vouga, apresentou o “Projeto IDE – Projeto de Inclusão da Diabetes tipo 1 na Escola” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa visa melhorar a integração e o acompanhamento de crianças e jovens com diabetes tipo 1 no ambiente escolar, através de formação e articulação entre profissionais de saúde, comunidade educativa e famílias

MAIS LIDAS

Share This