O surto de dengue está a esticar ao máximo os recursos de saúde no país, com centenas de pessoas hospitalizadas em várias unidades de saúde, obrigando muitos pacientes a estarem nos corredores e acessos.
Desde o início do ano, já se registaram um total de 521 casos, sendo que 80 só nas últimas 48 horas, com as autoridades a admitir que possa haver pacientes que não acorreram aos serviços de saúde.
O Ministério da Saúde registou quatro mortes em Ermera, duas em Covalima e uma cada em Ainaro, Bobonaro e Díli.
A taxa de mortalidade mais elevada, de 14,3% (mortos por número de casos), regista-se em Bobonaro, seguindo-se Covalima com 10,5% e Ermer com 8%, com a taxa de mortalidade a nível nacional a ser de 1,7% comparativamente aos 1,2% de 2021 ou 0,7% de 2020.
Os dados mostram que só em janeiro já se registaram mais de metade do total de casos registados durante todo o ano de 2021 (901) – em que se registaram nove mortes -, e um terço dos casos registados em 2020, quando houve 1.451 casos e 10 mortes.
Historicamente, os primeiros e os últimos meses do ano são os que registam maior incidência de dengue, devido à época das chuvas, quando os mosquitos proliferam.
Os dados do Governo mostram que o surto atual de dengue começou no início de dezembro, com 225 casos registados em dezembro.
A maioria dos casos (320) é febre dengue (DF, na sigla em inglês), com 29 casos de febre hemorrágica (DHF, também na sigla em inglês) e 22 de “síndrome de dengue choque” (DSS), sendo estas duas as situações mais graves.
No relatório divulgado hoje o Ministério da Saúde explica que a grande maioria dos casos afetam menores de 14 anos, com 45,7% dos casos registados entre crianças com entre 5 e 14 anos, 34% entre crianças com idades entre 1 e 4 anos e 7,7% entre menores de 1 ano.
A zona de Dom Aleixo, no centro da capital timorense, regista o maior número dos casos documentados em Díli, sendo Ermera, a sul de Díli, a segunda região com maior incidência da doença.
A dengue, uma doença viral transmitida por mosquitos Aedes, tem um período de incubação após a picada do inseto que pode variar entre três e 14 dias, sendo tipicamente de quatro a sete dias.
É geralmente acompanhada por sintomas como dor de cabeça, febre, exaustão, dores musculares e articulares severas, glândulas inchadas, vómitos e erupções cutâneas, com casos que variam desde infeções assintomáticas a quadro febris e síndromes hemorrágicos com choque, os mais graves.
Ao contrário da dengue, Timor-Leste registou êxitos significativos no combate a outra doença transmitida por mosquitos, a malária, com o país sem registar qualquer morte desde 2017, zero casos em 2018 e 2019 e apenas três casos de infeção em 2020.
LUSA/HN
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